Sporting de Alenquer em Assembleia inconclusiva
01/06/2000Sporting de Alenquer em Assembleia inconclusiva
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“Não recebemos subsídios da Câmara porque estamos de castigo, se calhar por motivações políticas. Qualquer «clube do berlinde» recebe mais dinheiro da Câmara do que o Sporting de Alenquer”
Sem mais nem menos e sem qualquer interpretação dúbia, foi assim que Francisco Cipriano, Presidente da Direcção do Sporting Clube de Alenquer, se expressou no passado dia 10 de Maio de 2000, na Assembleia Geral Ordinária, expressamente convocada para apreciação, discussão e votação do Relatório e Contas e Parecer do Conselho Fiscal, referentes ao período entre 1 de Outubro de 1997 e 30 de Setembro de 1999, e também convocada para eleição de novos Corpos Sociais para o biénio 1999/2001.
Depois de apresentado pela Direcção o Relatório e Contas, logo emergiu alguma controvérsia entre os sócios e o tesoureiro em exercício com os “Mapas dos Totais de Gerência”. Causou alguma estranheza que só se apresentasse o mapa de “patrocínios e donativos” referente ao período de 1 de Abril de 1998 a 30 de Setembro de 1999 e não se tenha apresentado o outro mapa de “patrocínios e donativos” referente ao período de 1 de Outubro de 1997 a 31 de Março de 1998, onde em donativos se recebeu seiscentos e cinquenta e cinco mil escudos, conforme consta no “balancete de caixa” deste período. Era voz corrente que todo este “Relatório e Contas” está apresentado de um modo bastante confuso, tornando difícil uma apreciação mais consistente.
No mapa de “patrocínios e donativos” de 1 de Abril de 1998 a 30 de Setembro de 1999, vêm mencionados os subsídios da Câmara de Alenquer, de 1998 (100 contos) e de 1999 (50+50+40 contos) o que convenhamos, a ser assim, é manifestamente insuficiente para quem é a colectividade desportiva mais antiga do concelho, que tem cerca de dois mil associados, que tem cerca de duzentos atletas espalhados por diversas modalidades e até tem uma campeã mundial.
No Relatório de Actividades, referente à secção de “Obras”, vem uma informação para os associados de que “devido à falta de apoios por parte de algumas entidades oficiais, a actual Direcção viu-se confrontada com graves dificuldades financeiras que condicionaram a sua acção, não permitindo que se atingisse todos os objectivos propostos”.
Questionados sobre quais tinham sido as “entidades oficiais” que tinham negado o seu apoio, Francisco Cipriano, Presidente da Direcção, respondeu que a Câmara não dava mais subsídios porque o Sporting estava de castigo, sugerindo ele que tal castigo poderia ser por motivações políticas, mas que isso também deveria passar, pois ele Francisco Cipriano, “ia de férias”. A terminar o capítulo subsídios, disse que qualquer «clube do berlinde» recebe mais dinheiro da Câmara que o Sporting de Alenquer.
Mais à frente declarou ter ficado surpreendido, quando leu no Jornal D’Alenquer que o ténis de mesa do SCA estava a disputar os campeonatos do Inatel, quando deveria estar na Distrital. Gerou-se alguma discussão com o também director e seccionista Jorge Catarino, surgindo algumas insinuações e ameaças mútuas, do género “tenho muito que contar”. Não deixou dúvidas a ninguém, que quando ambos quiserem contar o muito que insinuam saber, a “festa” vai continuar por muito tempo.
Entrou-se no segundo ponto da ordem de trabalhos: a eleição de novos corpos sociais. Como não havia lista alguma, ficou uma comissão com a responsabilidade de elaborar uma lista e apresentar numa próxima sessão desta mesma assembleia, que assim se mostrou, até aqui, inconclusiva.
Entretanto fomos ouvir o vereador para as colectividades, José Lourenço Maurício, que se negou a comentar as “motivações políticas” para a não atribuição de subsídios, por lhe parecerem “declarações absurdas”. Quanto ao resto, disse que “a Câmara deu ao Sporting, em 1999, quatrocentos e quarenta mil escudos e que ele, vereador, em reunião de Câmara, e já lá vão dois anos, atribuiu um subsídio de cento e quarenta mil escudos, por o actual presidente ter dito que tinha encontrado uma situação de dificuldade económica. Ainda na mesma reunião disse, que enquanto não houver um esclarecimento cabal de que os dinheiros que o Sporting recebe, são geridos de forma clara e transparente, a Câmara não deve influenciar a atribuição de nenhum outro subsídio, inclusive do Governo Civil”. O vereador Maurício disse que “é o próprio Sporting, ao protelar esta situação, isto é, ao faltar ao esclarecimento quanto aos seus dinheiros, que criou as condições para que a atribuição de novos subsídios tenha estado a sofrer algum atraso”.
Francisco Cipriano confrontado com estas declarações disse que o Sporting só tinha que informar os seus sócios, pois era para isso que estava mandatada pela Assembleia Geral, e a Câmara nunca pediu qualquer esclarecimento; para além disso, o próprio vereador está pessoalmente informado do que se estava a passar. Aliás, a Câmara sempre esteve muito bem informada sobre o que se estava a passar; Basta lembrar que o Presidente da Assembleia Geral do Sporting de Alenquer, também é Presidente da Assembleia Municipal. São desculpas de quem nunca teve vontade de colaborar. Desde a primeira hora que alguns dos autarcas mais responsáveis se mantiveram a par de toda a dimensão dos problemas que afectam a vida desta colectividade, tudo causado por dificuldades criadas no mandato anterior.
©Hernâni de Lemos Figueiredo (2000)
Director do Jornal D’Alenquer
in Jornal D’Alenquer, 1 de Junho de 2000, p. 12
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