Óculos e Discoteca na base do crime de Lapaduços?

Óculos e Discoteca na base do crime de Lapaduços?

01/01/2000 0 Por hernani

LAPADUÇOS

Óculos e Discoteca na base do crime de Lapaduços?

Sala do Café onde ocorreu o crime

Sala do Café onde ocorreu o crime

No passado dia 14 de Novembro, os Juízes do Colectivo do Tribunal de Alenquer, consideraram como provado o propósito de um homem de 56 anos matar um jovem de 24 anos, ambos de Lapaduços e condenou-o a 17 anos de prisão e a uma indemnização de 17.500 contos.
Jornal D’Alenquer deslocou -se a Lapaduços para ouvir os familiares do jovem assassinado. Esteve no local do crime e ouviu algumas testemunhas. Segundo dizem algumas pessoas de Lapaduços, a discussão terá surgido por causa de uns óculos que o condenado deixou numa discoteca ali próximo como pagamento de uns estragos por si feitos, mas também dizem que a discussão entre ambos, não deu para entender qual o papel que a vítima teve nessa história.

INQUÉRITO:

– Acha justa a pena aplicada pelo Tribunal?
O réu tem hipóteses de pagar a indemnização?
Lapaduços-Bertolo-162sSr. Bertolo (Pai da vítima)
Eu penso que o justo seria os 25 anos. Pois que eu saiba não existia motivo anterior para que viesse a ocorrer esta situação trágica e brutal.

 

 

Lapaduços-Idalina-163sD. Idalina (Mãe da vítima)
Não acho que tenha sido a pena certa. O advogado de defesa teve uma atitude muito triste, pois disse dentro do tribunal e fora do mesmo para quem quisesse ouvir a seguinte frase “Mais vale um criminoso livre de que um inocente preso”. Para mim a morte do meu filho foi provocada de propósito, não foi nada acidental, pois aquele senhor matou o meu filho de 24 anos com um tiro disparado junto da sua cabeça.

Lapaduços-Ernesto Ferreira Gomes-165sErnesto Ferreira Gomes (Testemunha)
Na altura em que tudo aconteceu a vítima estava debruçada sobre o balcão, e o outro senhor chegou por trás sem ninguém se aperceber do que iria fazer e, de repente disparou um tiro junto à cabeça da vítima, que caiu logo e já sem qualquer sinal de vida. Depois o autor do disparo saiu lentamente. Ninguém supunha que esta situação viesse a acontecer, visto ambos terem estado nessa altura a jogar às cartas e depois às moedas. Depois do jogo das moedas, o autor do crime saíu do café e só regressou passado mais ou menos 15 minutos. Andou pela sala, pois eu estava junto do jovem ao balcão, mas dava para ver. Foi até outra sala mais pequena, e só depois se dirigiu para o jovem e disparou.
Durante o jogo das cartas, houve entre ambos uma pequena discussão, mas num tom de voz alto, acerca de uns óculos pertencentes ao outro senhor. Mas como depois foram jogar às moedas, eu pensei que a situação já se tivesse resolvido. Quanto à pena eu acho que não se faz isto a uma pessoa. Matar assim um jovem, mesmo havendo ou não razões. Quanto ao pagamento da indemnização o acusado não tem qualquer tipo de meios para poder pagá-la.

Lapaduços-Luis de Matos-166sLuis de Matos
No caso de uma morte principalmente como foi esta, deste jovem, eu acho que a pena foi pouca, mas se o juíz decidiu assim. Não, ele não tem como poder pagar.

 

 

Arminda Ferreira (Proprietária do café)
Eu acho que é pouco, pois a morte foi provocada de uma forma muito brutal.
Não ele não pode pagar, porque já tem bastantes problemas financeiros. Tem terrenos, mas ainda pertencem a mãe que se encontra num lar.

 

Lapaduços-Jose Antonio-169sJosé António (Amigo da vítima)
Como amigo da vítima, penso que a pena é pouca, deveria de ter sido o máximo.
Não tem hipóteses para poder pagar e acho que ele deveria de pagar mas era com o próprio corpo e na prisão. Não tenho a mínima ideia do que poderia ter causado este incidente.

 

 

Hernâni de Lemos Figueiredo
©Hernâni de Lemos Figueiredo (2000)

Director do Jornal D’Alenquer

in Jornal D’Alenquer, 1 de Janeiro de 2000, p. 7

João Carvalho (Fotografia)

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