Entrevista… a Jacinto Ramos

Entrevista… a Jacinto Ramos

01/04/2001 0 Por hernani

Entrevista a… Jacinto Ramos

Das coisas que realmente lhe dá imenso prazer, é apertar a mão a um “inimigo

Viveu o seu momento de glória num palco, ao lado de Eunice Muñoz, há cerca de 38 anos atrás. Foi actor, autor, encenador, realizador e produtor. Polémico nas opções partidárias: tanto contestava o Estado Novo como tinha saudades de algumas obras salazaristas. Foi socialista, mas isso não obsta que tenha criticado Jorge Sampaio pela demolição do “EDEN” e elogiado os edis comunistas que preservam as salas de teatro, pois sempre aplaudiu o que pensava estar certo e criticou o que lhe parecia errado. Inesperadamente, defendeu favoravelmente a política cultural de Santana Lopes a quem considera “o melhor homem de estado da Cultura após o 25 de Abril”. Foi condecorado com a “Comenda da Ordem Militar de Santiago de Espada”

O Comendador Jacinto Silva Ramos, nasceu em 1918, em Lisboa, nas escadinhas de São Luís da Pena, mesmo por cima do Coliseu. Nunca conheceu a mãe biológica. No entanto, teve uma segunda mãe que considera ter sido sensacional consigo, porventura por ser do mesmo signo que o seu. Jacinto Ramos atribui grande significado ao seu signo (balança) e mostra-se eufórico quando referencia que nasceu um dia depois do Ghandi (3 de Outubro) e se, só com o pacifismo, “Ghandi correu com os ingleses da Índia, porque é que nos devemos zangar?”. Dentro de si existe uma luta permanente entre a parte judaica, herdada do seu pai e a parte árabe herdada da sua mãe, o que não o impede de ter boas relações com toda a gente, e, quando elas não são as melhores, tem a franqueza suficiente para ir junto dessas pessoas e esclarecer as coisas e, isso tem acontecido muitas vezes com colegas seus. Das coisas que realmente lhe dá imenso prazer, é apertar a mão a um “inimigo”. Foi louco, foi rei, encenou a morte e falou sozinho para plateias que de pé o aplaudiram. Cegou quando, por duas vezes, foi ao palco agradecer e não viu a plateia, na peça “O Diário de um Louco”, em que se apercebeu que já não controlava a personagem.

Como foi o início da sua vida? O início da minha vida, foi na loja do meu pai, que era comerciante e que achava que primeiro estavam as mercearias e só depois os estudos e onde levei muita pancada. Mas não tenho má lembrança dele, antes pelo contrário.

Recorda-se do seu primeiro ordenado? Não, mas sei que o meu pai dava-me 5 tostões para ir de eléctrico, porque eu começava a trabalhar, a partir das sete da manhã, na loja dele e andava a estudar, à noite, na Escola Ferreira Borges. Em lugar de ir de eléctrico e gastar os 5 tostões, ia a pé até ao Poço dos Mouros.

Então começou cedo a amealhar. É uma pessoa rica? Dinheiro não tenho porque gasteio-o com quatro casamentos. Não há como as senhoras para gostarem de dinheiro!… Tinha uma fortuna em quadros, não eram comprados mas sim ofertas de alguns pintores amigos. Por exemplo, tinha oito quadros de Sá Nogueira e, com faz ideia, valem um “balúrdio”, mas fiquei sem eles. Agora só tenho uma boa saúde, quer dizer, também tenho um xadrez, muito bonito, que trouxe da Índia.

Voltando ao início da sua vida, como começou a sua actividade artística? O meu pai exigiu-me que  passasse a ler todos os dias as notícias ao senhorio do estabelecimento, “um curso de dicção fabuloso”. Assim encontrei um anúncio a pedir locutores para a Rádio Continental, num teatrinho em Alfama, que na altura era uma estação de rádio, onde comecei a fazer relatos de futebol mas, como era “fanático” pelo Belenenses, fui corrido porta fora.

E aí acabou a sua actividade radiofónica? Não, saltei para o Rádio Clube Português, onde fiz um jornal diário com Alves Redol, José Cardoso Pires e outros. Também fiz “teatro radiofónico”. Tinha por companheiros alguns artistas do Teatro Nacional.

Então foi por aí que chegou ao Teatro Nacional? Na altura nunca me  passou pela cabeça ser actor do Teatro Nacional. Isso só aconteceu em 1949 tendo D. Amélia Rey Colaço assistido ao meu “baptismo”. Foi um sonho.

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Costuma sonhar? Não sonho muito, sabe, eu sonho de dia.

Desses sonhos diurnos, tem algum que o tenha marcado? Tenho, e consegui realizar alguns, mas também há um que falhou por culpa de certas pessoas que estão enfiadas atrás de determinados cargos: estou convencido de que podia ter sido um bom realizador cinematográfico, aliás, colaborei em vários filmes. O cinema está a decair. É um antro mafioso, a mafia dos incompetentes, com excepção dalguns, como o Manuel de Oliveira que é sinónimo de qualidade.

Nunca desistiu do cinema? Levei, por duas vezes, para apreciação, ao Instituto Português do Cinema, o guião inspirado na obra “Alegria Breve” de Virgílio Ferreira, que, naturalmente nem o leram. Por  minha insistência e quando pedi ao escritor para adaptar o livro, recebi  como resposta: “não acredito que o consiga, mas  faça-o”. Recordo com alguma saudade que seis meses mais tarde, quando o apresentei a Virgílio Ferreira ele me disse: “você sabe que fez uma coisa genial?” Eu respondi-lhe: “na minha opinião génios há muito poucos, a gente conta-os pelos dedos duma mão. Agora, sei é que fiz uma coisa séria, uma coisa honesta”.

O seu sonho dominante é o cinema? O sonho do cinema continua, mas fui “agarrado” nesta terrinha, apesar de ter um prémio no Festival de Sintra com o “Nocturno”, que mais tarde foi exibido na BBC de Londres.

Mas o senhor tem obtido outros prémios. Ganhou o “Carlos Tofer”. Quem é? Não me lembro.

Um prémio que ganhou em 1944. Não me lembro, mas eu tenho  um caixote cheio de prémios.

Como é que entrou no mundo do teatro? Todos os fins-de-semana percorria a cintura industrial de Lisboa com o coro de Lopes Graça, com o Carlos Wallenstein e a Maria Barroso a dizer poesia. Era esse o grupo de resistência ao salazarismo. Entretanto, eu e o José Viana encontramos por acaso Guilherme Cossul, uma sociedade de recreio com um pequeno palco e uma sala subaproveitada que foi arranjada com os nossos meios.

Foi aí que aderiu ao socialismo? Maria Barroso já era nessa altura uma mulher cheia de garra e uma mulher extraordinária. Gosto muito dela, ela é uma mulher que merece muito respeito. Hoje não pertenço a nenhum partido, mas a seguir ao 25 de Abril estive ligado ao PS, porque ela sabendo que eu também tinha sido um oposicionista do regime, perguntou-me: “então não entras para o partido?”. Disse-lhe que achava que os artistas não deveriam ter ligações partidárias, mas respondi-lhe: “está bem, traga-me o menu”, foi mesmo assim. Mas, os menus são sempre todos muito bonitos, o pior é a prática. Assim, mais tarde, enviei uma carta à Direcção a pedir para me “desarriscarem de sócio”.

O teatro era utilizado como meio de pressão sobre o Estado Novo?  Sim, e apesar da censura muitas peças tiveram imenso sucesso popular, pela crítica que encerravam.  “Quem Tem Medo de Virgínia Wolf” foi a maior desobediência do teatro português durante o  Estado Novo e esteve esgotada meses consecutivos no Monumental. Os arrumadores até me disseram que houve uma rapariga que a viu 54 vezes.

Tem concordado com a política seguida para a cultura?  Tal com o Papa disse que se deveria ter aproveitado o melhor do comunismo, também digo que se deveria tê-lo feito com o salazarismo.

Como “aconselhou” Santana Lopes? Eu integrava uma comissão consultiva  de actividades teatrais e então, como tinha em meu poder as “Normas do Teatro Espanhol” disse-lhe: em Espanha dão cinco milhões só para o teatro, de si não espero  que nos dê tanto, mas espero que leia o livro. Ele fê-lo e criou uma norma para o teatro português. Também o avisei que as câmaras municipais do Centro e do Norte do país estavam a deixar ruir os teatros, para depois fazerem auditórios que serviam para os políticos se exibirem, com um estrado, uma secretária e muitas florzinhas à volta. O Santana Lopes acabou por fazer esta coisa positiva que foi conservar o património histórico-cultural pela província. Sempre se bateu  por uma política que passava pela recuperação dos teatros de província. O caso mais emblemático será talvez a compra do Teatro S. João no Porto, a compra da Cadeia da Relação, a zona do Coliseu, Nacional e Politiema, ao contrário do que a Câmara de Lisboa fez ao permitir a destruição do Éden, do Monumental, do Avenida, do Parque Mayer, etc. Considero o Pedro Santana Lopes “o melhor homem de estado da Cultura após o 25 de Abril”.

Com base na sua experiência o que aconselha a quem começa agora no teatro? É não se convencer que os Conservatórios fazem actores. Ninguém faz um actor, “um actor nasce actor”. Como noutras especialidades. Ninguém dá talento a ninguém e quem não o tem, paciência… Quem quiser ir para o teatro, é não começar com os senhores do Conservatório, o melhor é ler todos os dias o Diário de Notícias.

Ou começar com a Companhia Alves da Cunha, como o senhor. Alves da Cunha apoiava muito os actores e ele foi, realmente, o homem que “descobriu” uma quantidade de actores.

O teatro não é um mundo de “faz de conta”? Sim, é um bocado. No teatro, os actores são vítimas da situação que encontram: podem vir com sonhos mas por vezes não são capazes de manter esse sonho. Na maior parte dos casos, há pessoas que são teimosas, mas que não  têm talento e há outras que têm talento mas não são teimosas. O português para mim é um indivíduo especial, é um poeta, não nasceu para trabalhar. Falta qualquer coisa neste país, e não é só em relação ao teatro. As pessoas deviam passear mais, deviam, ir ao estrangeiro.

O que sente um actor quando pisa o palco? A sensação que tem é de se sair de uma vida e de se entrar noutra.

E isso não acaba por ser repetitivo? Não, não acaba porque tem sempre uma evolução pois todos os dias aparecem coisas novas.

Quando se está no palco, o actor tem noção que o público é diferente? Normalmente o artista tem medo.

O senhor em 1975 construiu um teatro…  Construí dois, e ajudei noutros quatro…

Apesar de ser em 1975, só teve o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Eu tenho a sorte dessa gente assim ter simpatia por mim, porque sabem que sou um tipo de trabalho, não engano as pessoas, e tudo isso conta.

O Sérgio Batalha diz que e o senhor tem fama de ter um feitio difícil. Eu sou de um signo pacífico (balança);

quer alguém mais pacífico que o Ghandi?. É possível que tenha essa fama, mas não tenho esse feitio terrível. O que eu sempre tive, foi o culto pelo trabalho e, algumas pessoas, não estavam habituados a essas coisas. Portanto, tenho essa vantagem extraordinária que é o hábito do trabalho. O trabalho dá-nos a possibilidade de trabalhar e não nos cansarmos.

Mais à frente o Sérgio Batalha disse, que teve a sorte de trabalhar com o Jacinto Ramos. Considerou que foi um privilégio trabalhar com o senhor. O Sérgio Batalha é um homem generoso.

Qual foi o seu maior desejo? Foi trabalhar, foi lutar, foi ter obediência ao meu pai. Ele veio das Beiras para a cidade e, apesar de ter arranjado uma loja,  nunca ganhou muito dinheiro.

Já era um privilégio naquela altura ter uma loja. Sim, já era um privilégio. Ele era boa pessoa,  muito rijo. Hoje faz-nos uma certa impressão, não é. Naquele tempo excitava-me a fazer coisas, a contrariá-lo em nem sei no quê, era uma luta que eu tinha, que de verdade me custava umas “pancadas”, mas era uma luta: era “o desafio ao pai”.

Uma figura pública “MAIS”? É difícil, porque realmente nós temos gente com muita categoria. Há tanta gente de categoria no nosso país. Olhe que há bastante. Alguns estão apagados, estão ofuscados. Mas que há gente de grande categoria isso não há dúvida nenhuma.

E uma figura pública MENOS? Aí o problema é maior, pois existem muitas mais, mas não quero referenciar ninguém, não estou para lhes fazer propaganda.

Já lhe devem ter feito esta pergunta milhares de vezes, mas não vou resistir: onde gosta mais de trabalhar? No teatro ou no cinema? Gosto tanto de trabalhar num como noutro lugar, mas no cinema mais como realizador, embora tenha sido intérprete em dezenas de filmes, nacionais e estrangeiros.

PERFIL:

Jacinto Silva Ramos, filho de pai beirão e de mãe da zona de Sintra, nasceu em 1918, em Lisboa. Começou a sua carreira artística ficando em 1º lugar num concurso para locutores. Mais tarde, dirigiu, no Rádio Clube Português, o jornal radiofónico “O Diário do Ar”. Fundou o Teatro Cossul e, passado um ano, matriculou-se no Conservatório Nacional. Fez uma longa digressão pelo Continente integrado na Companhia Alves da Cunha, que foi o seu mestre. Em 1949 é aprovado no Conservatório Nacional e imediatamente contratado para o Teatro Nacional onde esteve até 1953. Voltou a este Teatro em 1959, e naquele interregno trabalhou em várias empresas. Ali ficou até 1963, data em que saiu para realizar e interpretar O Adorável Mentiroso, espectáculo que marcou uma transição estética no teatro português. Tomou parte e dirigiu inúmeras peças no teatro e na televisão, deu também alguns cursos de teatro e foi director teatral de várias Empresas e Universidades.

No cinema, em 1952, criou a personagem de Mouzinho de Albuquerque no filme Chaimite e, até hoje, interpretou dezenas de filmes nacionais e estrangeiros. Foi assistente de realização, caracterizador, director de actores e realizou Nocturno, exibido em Portugal e Inglaterra, premiado no Festival de Sintra. Foi também autor de vários guiões, entre os quais Alegria Breve; A Forja; O Convidado, etc.…

Construiu, em 1975, um Teatro na Praça José Fontana, com 200 lugares para a sua companhia de Teatro no Nosso Tempo, obra que dispôs apenas do apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Desde a sua reabertura, em 1978, faz parte do elenco do Teatro Nacional de D. Maria II. Dirigiu várias peças como Gin Game, Sarah Bernhard, Jardim Zoológico de Cristal, Longa Viagem para a Noite e Ela não Sabia Sonhar e interpretou muitas outras.

Em 1985, iniciou uma carreira de declamador apresentando dois recitais, Cantando Espalharei… e Fernando Pessoa, na Fundação Gulbenkian, no Brasil (em nove Estados e treze Universidades), no Uruguai, Argentina, Venezuela, Macau (dois anos seguidos), Goa, Madeira, Açores, Paris e perto de trinta actuações no Continente.

Fez ainda uma digressão pela Europa, visitando seis países com o seu agrupamento “A Nossa Gente“.

Interpretou uma adaptação de “Manhã Submersa” com Eunice Muñoz, Virgílio Ferreira e Canto e Castro; em 1956 «Vidas Sem Rumo», com Milú, Eugénio Salvador, Madalena Sotto, Maria Olguim e Artur Semedo, um drama português assinado por Manuel Guimarães; encenou, em 1969, para o Grupo de Teatro do Banco de Angola,À Espera de Godot de Samuel Beckett.

Aos 76 anos, Jacinto Ramos, primeiro actor do elenco do Teatro Nacional D. Maria II, no dia 28 de Fevereiro de 1994, é condecorado pelo Presidente da República com a “Comenda da Ordem Militar de Santiago de Espada”.

Como intérprete, director, encenador, declamador ou autor de guiões, Jacinto Ramos deixou a sua marca em centenas de obras,  no teatro, na TV e no cinema. As que se indicam são só aquelas que foi possível referenciar no seu vastíssimo currículo. Como costuma dizer, tem uma “caixa de prémios”, mas os anos são tantos que muitos ficaram no esquecimento.

TEATRO

À Espera de Godot

A Cavalgada das Nuvens

A Forja

Alegria Breve

Benildo ou a Viagem Mãe

Catão

Dueto a Solo

Ela não Sabia Sonhar

Feliz Aniversário

Georges Danton

Gin Game

Grande e Pequeno

Jardim Zoológico de Cristal

Labirinto da Felicidade

Longa Viagem para a Noite

Macbeth

Manhã Submersa

Monta-Cargas

O Adorável Mentiroso

O Convidado

O Diário de um Louco

O Doido e a Morte

O Leque de Lady Windermere

O Porteiro

O Segredo e a Antigona

Os Maias

Quem Tem Medo de Virgínia Wolf?

Sarah Bernhard

Etc., etc.

CINEMA

Chaimite

Dezenas de outros filmes

Nocturno (Prémio Nacional de Cinema de Sintra)

Vidas Sem Rumo

Etc., etc.

TELEVISÃO

A Árvore

A Viúva do Enforcado

D. Branca, a Banqueira do Povo

Origens

Marta e Ricardina

Palavras Cruzadas

Telhados de Vidro

Etc., etc.

RECITAIS (declamador):

Cantando Espalharei…

Fernando Pessoa

CONDECORAÇÕES:

– Comenda Ordem Militar de Santiago da Espada

PRÉMIOS:
– Carlos Poffer, em 1944;

– Arte Dramática (Encenação), em 1953;

– Robles Monteiro (Encenação), 1959;

– Voz do Operário (Interpretação), em 1960;

– Prémio Nacional de Cinema de Sintra (Realização), em 1962;

– Imprensa (Realização), pelo filme Adorável Mentiroso, 1963;

– Arte Dramática (Encenação), 1966;

– Prémio de Imprensa (Interpretação), por Diário do Louco, 1966;

– SNI (Interpretação), por O Porteiro, 1967;

– SEIC (Encenação), em 1971.

– Etc., etc.

Nome completo – Jacinto Silva Ramos

Data nascimento – 3 de Outubro de 1918

Local – Lisboa

Clube –Belenenses (Sócio nrº. 29)

Prato preferido – Pratos portugueses: Sopa de pedra, bacalhau, etc.

Bebida – Bom vinho tinto

Melhor qualidade – Ser pacifico.

Pior defeito – Ser crédulo. Acredita exageradamente nas pessoas.

Saudades – De toda a sua carreira no teatro

Ódio de estimação – Não tem

Música preferida –  Mozart.

Cinema – Filmes de Buster Kiat

Automóvel preferido – Mercedes

Sorte – O que eu agradeço, a Deus, ou a quem quiserem, a sorte de ser uma pessoa saudável.

Preocupação – Continuar a ter saúde

Escândalo –“Isto” está tudo podre!…

Aplauso Para a extraordinária  vontade de sobreviver das pessoas que vivem de maneira  horrorosa.

Sonho –  Cinema, porque está convencido que poderia ter sido um bom realizador.

Figura Publica + – Não aquele que tem o Prémio Nobel.

Figura Publica – São tantas que se torna difícil individualizar uma.

O maior disparate – O maior disparate normalmente, partem sempre daqueles que comandam.

Primeiro ordenado  -$50 semanais para ir de eléctrico para a escola Ferreira Borges.

O Maior desafio – Foi lutar no trabalho e ter obediência ao meu pai.

A maior injustiça – neste país passam-se coisas horrorosas. Uma delas é o que fizeram ao António Boto. Digo já que não sou homossexual, pois até casei quatro vezes, portanto não há dúvidas. Para mim não há homossexuais ou lésbicas, não tenho nada com isso. Agora, um homem que foi considerado o 1º poeta do mundo, esta gente fez esta barbaridade. O homem teve de ir para o Brasil, e quem o apoiou foram os brasileiros. António Boto dizia como se deve dizer a poesia. Aquele homem foi ouvido por grandes homens do mundo e os ingleses colocaram-no ao lado de Shakespeare. Repare bem, ingleses a porem-no ao lado do Shakespeare Já se passaram 50 anos da sua morte.

in Jornal D’Alenquer, 1 de Abril de 2001, pp 21 a 23

©Hernâni de Lemos Figueiredo

Programador Cultural

hernani.figueiredo@sapo.pt

Amélia Rey Colaço

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