Ciclo encerrado

Ciclo encerrado

05/02/2007 0 Por hernani

Ciclo Encerrado

Alenculta - Associação Cultural do Concelho de AlenquerUm ciclo se fechou na minha vida: terminou ontem um período onde participei activamente no advento de um movimento cívico em Alenquer, totalmente dedicado à Cultura Alenquerense: a Alenculta, Associação Cultural do Concelho de Alenquer.

Começou a 1 de Agosto de 2012, integrando um grupo de Alenquerenses preocupados com a ausência, no concelho de Alenquer, de um projecto continuado que abordasse a Cultura e as Artes com a democratização e descentralização que a pós-modernidade exige; e terminou ontem, 12 de Abril de 2017, como Presidente da primeira Direcção eleita.

Foi um período riquíssimo, tanto a concepção, como ajudar ao nascimento, como também, assistir aos primeiros passos, um “gatinhar” primeiramente complexo, com muitas vacilações embora com entusiasmo, por fim já com passadas firmes e mais precisas.

Inicia-se, agora, outro período: o do luto; o de ver “o filho” caminhar “fora de casa”. Já se sabe que é preciso tratar bem as “crias” até que abram as asas e tenham força para voar. Contudo, a Síndrome do Ninho Vazio raramente facilita a vida aos progenitores que ficam sós.

Se antes havia sempre alguma empresa para criar, agora há tempo “de sobra”, embora falte a paciência seja para o que for; principalmente enquanto uma pessoa não se desapega das experiencias antigas, daquelas que de certo modo foram fontes de prazer.

“DECLARAÇÃO DE DESPEDIDA

Caríssimos Associados da Alenculta

Este mandato chegou ao fim, e considerando que cesso a partir de hoje as minhas funções enquanto Presidente da Direcção da Alenculta, gostaria de deixar uma declaração registada em Acta.

No momento em que, por decisão própria, termino a honrosa função de Presidente da Direcção da Alenculta, e quando na reunião da Direcção número 28, de 19 de Maio de 2016, informei os meus pares que não me iria recandidatar a um novo mandato, sugeri-lhes que equacionassem a promoção de uma candidatura para apresentar hoje, aqui.

Um antigo provérbio ensina-nos que “a vida renova-se a cada instante”. Com o movimento associativo não poderá ser diferente. E, particularmente, com a Alenculta a renovação está à porta: É JÁ A SEGUIR. Sem a minha interferência quanto à sua constituição, a nova equipa que hoje se apresentará a votos, com certeza estará imbuída de uma determinação forte para apresentar uma dinâmica diferenciadora; e, enquanto associado de base da Alenculta, facultar-lhe-ei todo o meu apoio, quando para isso for solicitado.

Não somos senhores do tempo nem da nossa memória. Em vez de uma riquíssima lista bem organizada de eventos, uns mais relevantes que outros, neste momento, as imagens que aparecem, atropeladas, diante do meu olhar perplexo e comovido, é o que mais me marca.

E aqui, permitam-me recuar a um período antes do início do exercício desta Direcção que tive o privilégio de presidir até hoje: obrigatoriamente a 1 de Agosto de 2012, quando um grupo de Alenquerenses se reuniu, pela primeira vez, preocupado com a ausência, no concelho de Alenquer, de um projecto continuado que abordasse a Cultura e as Artes com a democratização e descentralização que a pós-modernidade exige. Esse grupo constituía-se tão-somente num movimento que procurava um eclecticismo cultural que nos permitisse ostentar meritoriamente a posição de Maior Autoridade Cultural do Concelho de Alenquer.

Até à constituição efectiva da ALENCULTA, foi uma vida de saltimbanco, reunindo onde era possível, tanto em cafés, como nas sedes de algumas colectividades e juntas de freguesia do concelho, que generosamente nos facultavam essa possibilidade. E, onde voluntariosamente foram apresentadas propostas, muitas delas com tanto de fantásticas como de irrealizáveis aos olhos de hoje, mas que reflectiam o nosso entusiasmo infatigável. Foi um período marcante que continua na minha mente, e que constitui um registo, hoje depositado na Alenculta, a que pomposamente atribuí o nome de ARQUIVO ZERO.

A vida de todos nós é constituída de alegrias e tristezas. Falando só das alegrias, e foram algumas, vou relembrar apenas aquelas mais relevantes para a vida da Alenculta: obviamente a assinatura da escritura de constituição da associação, em sessão pública, no Sporting Clube de Alenquer; em segundo, o estabelecimento do Protocolo, com a Câmara Municipal de Alenquer, para a cedência das instalações, onde estamos agora; em terceiro, uma preocupação de primeira hora, muito antes da atribuição do nome Alenculta ao movimento: a criação de um projecto editorial: felizmente está aprovado e estruturado, e a ALENCULTA EDITORIAL irá ser apresentada muito em breve.

Algumas coisas menos conseguidas também ocorreram: concretamente alguns projectos não materializados e, a imensa complexidade na marcação das reuniões da Direcção, especificamente devido à dificílima conciliação das agendas pessoais de cada um dos directores.

Mais triste que tudo isto, e poderei considerar o acontecimento mais doloroso desde a fundação do movimento, foi a partida do meio de nós do nosso querido Tesoureiro, Nuno Lopes. Para mim, seria facílimo propor agora alguma formalidade em sua homenagem, mas deixo isso à responsabilidade do senhor Presidente da Mesa da Assembleia Geral como máximo responsável da Alenculta; e se assim o entender.

Para mim um ciclo se fecha, e chego ao seu fim com a consciência do dever cumprido. Enquanto não começarem a afastar-se as lembranças das tarefas, e os pensamentos das angústias e das alegrias, é a altura de tecer alguns agradecimentos merecidos.

Em primeiro lugar quero aqui, publicamente, mostrar a minha gratidão a todas aquelas entidades que nos acolheram nos anos de 2012 e 2013, quando não tínhamos instalações próprias; concretamente “Vila Baixa Caffè”, Sporting Clube de Alenquer, Centro Social Recreativo e Desportivo de Ota, Freguesia do Carregado, Museu João Mário, Freguesia de Ventosa, Restaurante Solidó, Freguesia de Alenquer, Sociedade Filarmónica Olhalvense e Casa-Museu Palmira Bastos. Espero não ter esquecido ninguém; se isso aconteceu, as minhas desculpas. A todos, o meu reconhecimento.

Em segundo lugar, o meu reconhecimento à Câmara Municipal de Alenquer, na pessoa do seu Presidente, Dr. Pedro Folgado, que desde a primeira hora sempre acolheu as nossas pretensões, entre outras situações com o estabelecimento de um protocolo para a cedência destas instalações para a nossa sede. Hoje, sem a disponibilidade da Câmara Municipal seria muito difícil a Alenculta sobreviver.

Em terceiro lugar, um agradecimento ao Agrupamento de Escolas de Abrigada, especificamente à sua Direcção, Célia Castelhano, Hélder da Costa Simões e Sandra Ferreira, todos sócios da Alenculta.

Em quarto lugar, o meu agradecimento, a Rui Costa, o primeiro a ser contactado para esta aventura cultural, muito antes do seu envolvimento político no executivo camarário. Sinto que a Alenculta saiu prejudicada com essas suas obrigações autárquicas mas, devido à minha insistência, aceitou continuar no projecto, embora com outras funções, menos exigentes. O meu reconhecimento.

É costume dizer-se que os últimos são os primeiros. Chegou a vez de agradecer aos que comigo trabalharam mais próximo. Na Direcção, foi sem dúvida um privilégio trabalhar com todos eles. Este agradecimento é extensível aos associados da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal.

Vou só lembrar alguns, por motivos compreensíveis. O meu amigo Nuno Lopes, companheiro de muitas outras andanças pre-Alenculta, tanto profissionais, como culturais, como até de amizade familiar. Organizou a Contabilidade da Alenculta como se duma empresa se tratasse. Perda importante para a Alenculta mas, sobretudo para os seus amigos, onde me incluía; que descanse em paz, esteja lá onde estiver. A Pedro Duarte, vogal da Direcção, que generosamente colmatou a falta do Tesoureiro até esta Assembleia Geral de hoje, com grave prejuízo da sua vida profissional, muito atarefada e sem muito tempo disponível para tal função; o meu reconhecimento. A Raquel Raposo, a voluntariosa Secretária da Direcção e Coordenadora da Secção de Património. Uma faz-tudo no grupo de trabalho; sem ela, a Alenculta era “impossível”; igualmente o meu reconhecimento.

Finalmente, um agradecimento a Alberto Santos, pois sem pertencer à Direcção a sua dedicação foi muito para além do que exigia a sua função de membro da Secção de Património. Entre outros motivos, a ele se deve podermos apresentar hoje aqui as contas devidamente arrumadas e legíveis; também o meu reconhecimento.

Foi para mim uma honra e um privilégio pertencer a este grupo de trabalho. É verdade; muitas vezes com ideias diferentes, com debates mais ou menos ateados, mas acredito que procurámos cada um à sua maneira, e de acordo com as suas próprias convicções, defender os interesses da Alenculta e da Cultura Alenquerense. Fica aqui registado o testemunho do meu apreço e elevada consideração pessoal por cada um deles.

Saio mais rico: não economicamente, como é óbvio, mas em relacionamento humano. Sei que só a história julgará, com a objectividade e o intervalo temporal indispensáveis, a acção desta equipa que presidi, enquanto AGENTE CULTURAL ASSOCIATIVA. Sinto-me feliz e realizado por ficar associado, e participado, no muito de bom que a Alenculta fez por Alenquer.

Saio da Presidência da Alenculta, não saio de servir a Cultura de Alenquer. E estarei sempre presente quando pensar que isso seja necessário.

Nestes momentos finais do meu mandato como Presidente da Direcção, apresento os meus sinceros agradecimentos a todos vocês pela efectiva colaboração na administração da nossa querida Alenculta.

Cordiais saudações culturais.

Alenquer, 12 de Abril de 2017

(Este artigo segue as orientações do anterior Acordo Ortográfico).
Hernâni de Lemos Figueiredo
©hernâni de Lemos Figueiredo (2017)

Sócio Fundador (nr. 1) da Alenculta

hernani.figueiredo@sapo.pt

TM 965 523 785

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