“A Globalização da Complexidade” (iii): A Idade Moderna chegou ao fim; está aí a Idade Global

“A Globalização da Complexidade” (iii): A Idade Moderna chegou ao fim; está aí a Idade Global

13/02/2019 0 Por hernani

Baseado na obra de Mike Featherstone, 

“A Globalização da Complexidade” (iii)

A Idade Moderna chegou ao fim; está aí a Idade Global

Deixemos, pois, de pensar mais em punir, em censurar e em querer melhorar! Não seremos capazes de modificar um único homem; e se alguma vez o conseguíssemos seria talvez, para nosso espanto, para nos darmos também conta de outra coisa: é que teríamos sido nós próprios modificados por ele!

Friedrich Nietzsche


Friedrich Nietzsche

Comecemos pela «globalização» com um certo localismo regional amplo, isto é, confinada à Europa: “Sentimos que se está num momento de viragem em que é preciso ultrapassar o ronronar comodista dos discursos do costume e afrontar uma série de problemas que não podem ser adiados. (…) António Guterres declarou, em 2000, em entrevista ao jornal Público, que a questão federal tem de ser encarada sem hesitações: «Estou totalmente disponível – e acho que Portugal deve estar disponível – para discutir o modelo federal na Europa. Mas não um modelo federal num plano estritamente político e sem tirar as consequências no plano económico, o que seria inevitavelmente um modelo de esmagamento dos países mais fracos por países mais poderosos e ricos». (…) Um verdadeiro parlamento e um verdadeiro governo europeu, mas, ao mesmo tempo, a criação de um «centro de gravidade» com os países mais disponíveis para avançarem no sentido político determinado por um mecanismo da vanguarda europeia”. (COELHO, 2004 p. 76).

Mas, esta confinação europeia não era suficiente; havia que ir mais além. E começa a surgir a ideia global mais «globalizadora», desculpem esta prolixidade. “Há quem sustente que a ligação da Europa a um modelo de ordem internacional potenciador da criação de uma sociedade internacional é um precipitado histórico recente. Robert Kagan, ao proclamar que «os americanos são de Marte e os Europeus são de Vénus», esclarece que essa diferença de cultura estratégica não tem raízes biológicas ou etno-culturais; é, para ele, uma pura questão de poder. De forma crua, escreve: «a força militar americana produziu uma propensão ao uso dessa força; a fraqueza militar da Europa produziu uma aversão perfeitamente compreensível ao exercício do poder militar». E sentencia: «os europeus opõem-se ao unilateralismo em parte porque não têm capacidade para o unilateralismo». (PUREZA, 2003 p. 112).

A semente está lançada «à terra», e as opiniões chovem de todos os quadrantes, muitas vezes com um sentimento de conformismo. “… podemos definir globalização como o processo que tem conduzido ao condicionamento crescente das políticas económicas nacionais pela esfera megaeconómica, ao mesmo tempo que se adensam as relações de interdependência, dominação e dependência entre os actores transnacionais e nacionais, incluindo os próprios governos nacionais que procuram pôr em prática as suas estratégias no mercado global” (MURTEIRA, 2003 p. 54).

Algumas vezes a enquadrar uma evolução histórica que se deseja como natural. “O mais decisivo acontecimento no início da Idade Moderna foi a descoberta da América, em 1492. Outro acontecimento irá de igual modo assinalar o seu termo iminente: o lançamento das bombas atómicas no Japão, em 1945. Entre estas duas datas, a história da humanidade foi o projecto de alargar o controlo humano sobre o espaço, o tempo, a natureza e a sociedade. O agente central deste projecto foi o Estado-Nação trabalhando com e através da organização capitalista e militar. Isto deu uma forma característica à vida dos povos e à passagem das gerações. Mas o culminar deste projecto na unificação do mundo foi também a sua dissolução. Com o chegar ao fim da época, desenvolveram-se os indícios de que estávamos passando para uma nova idade. Começou por não se reconhecer aquilo de que tratava. A Guerra Fria, os Três Mundos, o homem a desembarcar na Lua, em 1969, a aldeia global electrónica, o triunfo dos Estados Unidos, o colapso da União Soviética, em 1991, e por fim o aquecimento generalizado da Terra, já não eram sinais de uma modernidade triunfante, mas de uma nova globalidade. Em 1980, «globalização» tornou-se a palavra-chave. Em 1990, reconheceu-se amplamente que a Idade Moderna tinha chegado ao fim e que a Idade Global estava a começar” (ALBROW, 1997 p. 7).

A tão propalada chegada da Idade Global, como se da Terra Prometida se tratasse, também colocou algumas dúvidas a muita gente. “A unificação mundial é conflituosa na sua essência; suscita cada vez mais o seu próprio negativo: a balcanização. Ela destrói as diversidades culturais, o que desencadeia em reacção os fechamentos que tornam impossível uma comunidade planetária. Os antagonismos entre nações, entre religiões, entre modernidade e tradição, entre democracia e ditadura, entre ricos e pobres, entre Oriente e Ocidente, entre Norte e Sul, alimentam-se mutuamente, agravando-se devido aos interesses estratégicos e económicos antagónicos das grandes potências”. (MORIN, 2001 p. 237). 

Apesar deste pessimismo, Morin não nega o inevitável: “Embora o futuro seja invisível e seja necessário esperar o inesperado, podemos analisar o sentido dos processos actuais e prever três grandes eventualidades: o advento de uma sociedade-mundo; o advento das metamáquinas; o advento de uma meta-humanidade.” (MORIN, 2001 p. 241).

Lisboa (Universidade Lusófona), 3 de Maio de 2011

TRABALHO COMPLETO

I – A Modernidade é um projeto da Revolução Industrial  – 

II- O Pós-modernismo é uma nova etapa do Capitalismo 

III – A Idade Moderna chegou ao fim e está aí a Idade Global   –  VOCÊ ESTÁ AQUI

IV – O Clube Bilderberg é um Governo Mundial Único  –  (a 20/2/2019)

V – Os Descobrimentos Portugueses foram a primeira Globalização Moderna  –  (a 25/2/2019)

VI – O posicionamento da Cultura na Hipermodernidade  –  (a 1/3/2019)

VII – A Cultura do consumismo na pós-modernidade  –  (a 10/3/2019)

VIII – A passagem da «escrita» para a «imagem» na Pós-modernidade  –  (a 15/3/2019)

IX – A Hipermodernidade, o pós-humano e a chegada do Cyborg   –  (a 20/3/2019)

X- A Modernidade é a industrialização da guerra  –  (a 25/3/2019)

XI -Bibliografia

Hernâni de Lemos Figueiredo
©Hernâni de Lemos Figueiredo (2011)

Programador Cultural

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