
Intervenção do Presidente da Alenculta junto do túmulo de Damião de Goes
19/04/2015Intervenção do Presidente da Alenculta junto do Túmulo de Damião de Goes no Dia Internacional de Monumentos e Sítios

Estamos aqui de visita a um espaço nobre que já foi vítima de polémica. Realmente é estimulante saber-se que uma ossada pertence a uma determinada pessoa. No entanto, o que fica mais realçado na História é o trabalho dessa pessoa, a sua vida, O SEU MEMORIAL.
Damião de Goes é um filho da terra que nunca renegou essa situação. É ouvi-lo: “Pouco mais ou menos a meio do curso do Tejo, entre Santarém e Lisboa, na margem de cá, do lado poente, fica a fortaleza de Alenquer. É a minha terra onde eu nasci”. Por isso, este espaço tem uma importância capital, porque foi construído por ele.
Para todos nós, Alenquerenses, este MEMORIAL é um MONUMENTO LOCAL.
Ao serviço do Reino de Portugal, Damião de Goes desempenhou várias missões, desde embaixador real casamenteiro, a Secretário da Casa da Índia, na Flandres, a divulgador na Europa do Conhecimento dos feitos dos Portugueses no Oriente, a Historiador Real e a Guarda-Mor da Torre do Tombo. E também foi vítima da intolerância religiosa da Inquisição Portuguesa.
Para nós, como Portugueses, este MEMORIAL é um MONUMENTO NACIONAL.
Por todos, Damião de Goes é reconhecido pela sua intervenção humanística e sempre favorável ao diálogo inter-religioso. Vimo-lo em frequentes contactos com os Luteranos na tentativa da reconciliação com Roma; vimo-lo a denunciar as agruras dos cristãos da Lapónia, vítimas de abusos feudais. Vimo-lo perante o Rei D. Manuel e o Papa Paulo III, e na Europa do Renascimento, a defender as pretensões dos cristãos da terra do lendário e muito procurado Preste João, que desejavam missionários para os doutrinar nos dogmas do catolicismo romano. E também de tropas para se defenderem dos “infiéis”. E vimo-lo a denunciar a Matança da Páscoa, onde mais de 1900 judeus pereceram às mãos de cristãos portugueses; em Lisboa.
Luteranos, cristãos da Lapónia, cristãos da Abissínia e judeus, todos eles foram envolvidos por Damião de Goes. Este espaço também não lhes pertencerá um pouco?
Por isso, por todos eles, este MEMORIAL é um MONUMENTO DA HUMANIDADE.
Caros convidados, amigos e conterrâneos:
E a nós, o que nos fica da partilha deste MONUMENTO?
A nós, Alenquerenses, fica-nos a grande satisfação de o acolhermos. Porque Damião de Goes é nosso. Nasceu aqui.
Mas também cai sobre nós a enorme responsabilidade de o preservarmos o melhor que soubermos:
Com um sentimento de respeito;
Por uma questão gratidão.
Hernâni de Lemos Figueiredo
– Presidente da Alenculta
Alenquer, 18-4-2015.
Olá, muito obrigado por visitar este espaço.
Espero que a sua leitura tenha sido do seu agrado.
Se for o caso de nos deixar agora, desejamos que volte muito em breve.
Até lá… e não demore muito. espreite
Todas as homenagens não serão de mais, mesmo que sejam 5 séculos depois. E, mesmo assim, não compensam os longos anos de indiferença pelo seu trabalho em prol do SER PORTUGUÊS.
“Onde jaz, Portugueses, o moimento
Que do frontal cantor as cinzas guardas?
Homenagem tardia lhe pagastes
No sepúlcro sequer?
Raça de ingratos!
(Paggi)
Cumprimentos
Hernâni de Lemos Figueiredo
Damião de Goes! Um nome que honra Portugal ! Um nome de que Alenquer se orgulha a justo título! Parabéns a Alenquer ! Quanto, todos, lhe devemos! Uma glória para a sua Pátria, para a linda vila que lhe foi berço! Um grande Senhor do Renascimento!