Entrevista a… Jorge Riso (PS), que quer a “maioria”

Entrevista a… Jorge Riso (PS), que quer a “maioria”

06/10/2009 0 Por hernani

Autárquicas de 2009: “quero a maioria”

Entrevista a… Jorge Riso, candidato do PS

 

“O facto de estar há dois mandatos na Autarquia e de conhecer mais de perto a sua gestão (de que qualquer outro candidato) e, também, de ter ideias novas para Alenquer, são condições que me convencem que estou preparado para ser o próximo presidente de Câmara”

 

Jorge Riso Candidato à presidência da Câmara Municipal de Alenquer (2009)

Jorge Riso
Candidato à presidência da Câmara Municipal de Alenquer (2009)

 

Jorge Riso foi ontem apresentado como candidato do Partido Socialista à presidência da Câmara de Alenquer, numa conferência de imprensa que antecedeu o habitual jantar comemorativo do 5 de Outubro. Esta sessão decorreu cerca das 19,30 horas na Quinta da Provença, em Casais Novos, Alenquer.

Num confronto directo, interno, com Luís Rema, o outro vereador socialista na Câmara, o actual vice-presidente Jorge Riso foi escolhido recentemente pelo PS para liderar o combate político nas próximas autárquicas, mas o desafio que tem pela frente não é simples, pois trata-se de substituir Álvaro Pedro à frente dos destinos do Município há nove mandatos, os oito primeiros com maiorias absolutas.

Claro está, primeiro terá que sair vencedor do próximo acto eleitoral. Aí mostra-se confiante, “porque o PS, ao longo dos anos, tem sabido escolher as pessoas que são capazes de ganhar eleições”. E sente-se preparado para substituir Álvaro Pedro, porque está há dois mandatos na Autarquia, conhece mais de perto a sua gestão (de que qualquer outro candidato) e, também, por ter ideias novas para Alenquer, ideias que dão preferência notoriamente à arquitectura social do concelho e à modernização da gestão da autarquia.

Jorge Riso sente-se honrado com o apoio recebido de Álvaro Pedro porque, como diz, “é sempre importante ter o apoio de uma pessoa com a experiência de 30 anos como presidente de câmara”, mas não se sente seu “seguidor”. “Eu não sou nenhum autómato; tenho cabeça para pensar, tenho pernas para andar, tenho ideias minhas”.

O seu objecto é a conquista do vereador socialista perdido no último acto eleitoral, pois entende como primordial a “maioria absoluta” para se responsabilizar inteiramente o PS pelo cumprimento das suas propostas políticas. Depois, “ou premeia-se ou pune-se”.

Entretanto Jorge Riso vai deixar que as coisas, naturalmente, acalmem, e que se saiba separar o que é o vereador Jorge Riso, vice-presidente de Álvaro Pedro, de tudo aquilo que virá a seguir. E o que vem a seguir é um “trabalho de secretaria” para preparação do programa eleitoral e das listas. “Para já, neste momento, quero esquecer que sou candidato à Câmara; ainda falta muito tempo”.

Está preparado para ser o próximo presidente de câmara?
Claro que estou; por estar preparado é que me apresentei, ao Partido Socialista, como disponível para liderar uma equipa para ganhar as eleições em 2009, e como é lógico, para governar a Câmara. Portanto, como qualquer alenquerense que conheça os problemas de Alenquer, e que lute para a sua solução, eu estaria sempre preparado. A acrescentar a tudo isto, o facto de estar há dois mandatos na Autarquia e de conhecer mais de perto a sua gestão e, também, de ter ideias novas para Alenquer. São condições que me convencem que estou preparado para fazer a minha equipa e, com ela, no próximo mandato, fazer uma boa gestão da Autarquia.

Qual o número máximo de mandatos que julga como o mais indicado?
Sempre fui a favor da limitação de mandatos. No meu caso pessoal nunca farei mais de dois mandatos como presidente de Câmara.

Sente-se mais importante para a estratégia de vitória do Partido Socialista do que o outro candidato, Luís Rema?
Não faço comentários em relação à minha importância ou à do outro candidato. Nesse aspecto os dois candidatos, tanto eu como o meu camarada Luís Rema, mostrámos estar disponíveis. Aqui não há vencedores nem vencidos; há sim duas pessoas, dentro do mesmo partido, que é o Partido Socialista, que se mostraram dispostos para liderar a equipa concorrente às Eleições Autárquicas de 2009, e a Comissão Política, conforme é dos Estatutos, escolheu um. Fui eu o escolhido, mas ambos, com certeza, estávamos preparados para com todo o empenho assumir essa responsabilidade.

Sente-se mais preparado para a função de presidente de câmara que Luís Rema?
Como não há duas pessoas iguais é natural que tenhamos ideias diferentes, mas sempre dentro da mesma filosofia que é trabalharmos para o concelho. Abre-se agora a porta para um projecto que irá constituir o Programa Eleitoral do Partido Socialista, no qual o candidato tem que se identificar, porque o que está aqui em causa são ideias, projectos para Alenquer; isso é que tem que ser posto à consideração dos eleitores; depois há uma equipa, que se organiza, para pôr em prática esse projecto. Apesar de pensar que tanto eu como o meu colega Luís Rema temos uma preparação idêntica para assumir essa missão, fui eu o escolhido para ter a responsabilidade de pôr em prática o programa político do Partido Socialista. E estou muito confiante, porque o Partido Socialista, ao longo dos anos, tem sabido escolher as pessoas que são capazes de ganhar eleições.

Quando começou a pensar que realmente poderia ser o próximo presidente de câmara?
Pensar vai-se pensado, e sempre quando há pessoas que se dirigem a nós, que nos apoiam, que nos motivam. A partir de uma determinada altura, porque somos humanos, esse tipo de apoios pontuais, desta ou daquela pessoa, desta ou daquela forma, obrigam-nos a meditar no assunto. Só que é uma decisão difícil e muito complicada, porque é uma decisão pessoal mas tomada também no âmbito da família. E é muito difícil em termos pessoais, pois tem que ser muito bem ponderada, primeiro individualmente depois com a família, porque implica, como se sabe, o empenho de muito tempo e o abdicar de muitas horas junto da família. Mas, de facto, pode dizer-se que esta decisão de realmente me afirmar como candidato terá sido tomada por volta de Abril/Maio.

Acha que foi importante para a escolha do seu nome, o favorecimento manifesto de Álvaro Pedro?
Já afirmei, no lugar próprio, que há sempre duas maneiras de ver o apoio de Álvaro Pedro: para quem apoia Álvaro Pedro esse apoio é sempre importante; para quem não gosta do seu estilo ele poderá parecer uma desvantagem. Há sempre duas maneiras de ver esse apoio. O que eu sempre disse e continuo a dizê-lo, é que, é sempre importante ter o apoio de uma pessoa com a experiência de 30 anos como presidente de câmara. Não posso negar que é um apoio importante. E obter o seu apoio é um grande orgulho para mim.

Quando sentiu que tinha o apoio de Álvaro Pedro?
O presidente Álvaro Pedro tem trabalhado sempre com todos os seus vereadores. De facto ele nomeou-me seu vice-presidente, o que é uma demonstração da confiança que depositou em mim e, mais tarde, ainda antes de eu ter anunciado a minha candidatura, apoiou-me publicamente. Apesar de reconhecer que nunca tenha havido uma conversa, muito formal, no sentido de ele dizer que me dava o seu apoio, eu senti que lho merecia, a partir do momento em que se manifestou em público nesse sentido.

Foi-lhe alguma vez manifestada pessoalmente essa preferência de Álvaro Pedro?
Claro que sim, depois do presidente Álvaro Pedro se ter manifestado publicamente nesse sentido.

Sente de algum modo ser o “seguidor” de Álvaro Pedro, e que isso o vai condicionar a seguir uma gestão idêntica à dele?
Essa questão teria que ser colocada, e agradeço a pergunta, pois estas coisas têm que ser ditas, senão poderão pensar que eu sou um autómato que aqui ando; e eu não sou nenhum autómato. Há duas questões a analisar: a primeira é o Jorge Riso como vereador, a segunda é como presidente.
No primeiro caso, eu sou um elemento do executivo camarário, liderado por Álvaro Pedro, e onde sou o seu vice-presidente. E enquanto assim for eu serei leal à equipa e ao seu presidente; porque se assim não fosse, eu sairia. Não quero dizer com isso que tenha que concordar com tudo, não é isso; ser leal não é concordar com tudo: concordar e discordar, apontar os casos e discuti-los frontalmente. Isto é uma questão. A outra questão é o Jorge Riso como presidente. Tenho cabeça para pensar, tenho pernas para andar, ideias que propus, ideias minhas, e que deixei claras na discussão que houve no interior da Comissão Política do Partido Socialista. Ideias que eu gostaria de ver concretizadas para o concelho de Alenquer, e que agora a Comissão Política irá burilar ou até deitar fora, não sei, na feitura do Programa Eleitoral. Essas são ideias minhas que nada têm a ver com o “seguidismo” a Álvaro Pedro que se quer fazer transparecer. São duas questões totalmente diferentes, embora, claro está, que não estou aqui a dizer que tudo o que está feito por Álvaro Pedro provavelmente estará mal feito, e tudo o que virá a seguir é que estará bem feito.

Como elemento da Comissão Politica do PS teve acesso ao programa político do seu colega Luís Rema. Quais as maiores diferenças do seu programa em relação ao dele?
O que me agradou imenso é que esses programas são muito semelhantes, pois como nós estamos na mesma equipa, temos uma visão muito aproximada das necessidades do concelho. Há de facto alguma diferença e isso é natural, porque as ideias ali expressas estão adequadas às nossas maneiras de ser. Como qualquer pessoa verá, uma das minhas prioridades visadas é o “SOCIAL”, enquanto o Luís Rema aponta para o desenvolvimento económico e empresarial do concelho. E creio que a diferença notória será esta. Também há uma proposta minha, que até dou um grande enfoque nesse meu projecto: é a própria gestão da autarquia; dos seus membros e serviços. É um projecto que visa a sua modernização, que lhe proporciona uma nova imagem.

É acusado de um certo distanciamento da dinâmica partidária. Concorda?
Completamente. Aliás, é o grande “handicap” que eu tenho, nomeadamente em relação ao outro candidato, Luís Rema. Toda a gente sabe que sou oficial da Força Aérea, portanto nunca pude exercer uma política activa, porque a condição militar não o permitia. Eu apareço na política, há cerca de sete anos, a convite de Álvaro Pedro, para integrar, como independente, uma lista para a Câmara, e isso aconteceu não por eu ser militar ou por ter qualquer actividade político-partidária, mas sim, penso eu, pela minha ligação às colectividades. Portanto, foi um desafio que me foi colocado por Álvaro Pedro, e é a partir daí que eu entro na vida política, e de facto estou muito mais distante da vida partidária que Luís Rema. Tenho tentado integrar-me, estou sempre disponível, agora não tenho é a experiência de trinta e quatro anos de vida activa no partido como têm alguns dos meus camaradas do Partido Socialista.

Esse distanciamento é premeditado ou é realmente por não se sentir um homem dos “aparelhos partidários”?
Não é nada premeditado. Todos nós já tivemos algum tempo de integração, seja aonde fosse. Eu sou do Partido Socialista, nomeadamente de Alenquer, e entrei há sete anos, sem qualquer tipo de militância, com pessoas que estão lá desde 1974, todos elas com um “background” enorme de trabalho, de militância, de vida política activa. Eu tenho tentado, e como saberão aqueles que estão ligados ao Partido Socialista, tento “ir a todas”, tento integrar-me, tento também começar a participar com o meu conhecimento na vida política do partido.

A esta distância das eleições qual vai ser o seu objectivo. A maioria absoluta?
Como é óbvio. Eu sou um defensor da revisão da lei autárquica, nos moldes que estava a ser preparada, e que depois foi interrompida. Porquê? Porque penso que o partido, ou o projecto político que se apresenta à gestão da Autarquia deve poder implementá-lo por inteiro, e só ser julgado ao fim de quatro anos. Aí o eleitor faz o seu julgamento, e pune ou premeia.
Claro que quando não se tem maioria absoluta, uma gestão em minoria é sempre complicada. Pode ser até “uma boa desculpa” para não se cumprir o programa antes proposto. E depois ao fim de quatro anos é mais difícil fazer esse ajuste de contas. Portanto, eu defendo que é importante para o Partido Socialista recuperar o vereador que lhe falta para ter a maioria absoluta. Embora, e isso tem que ser dito, considere que a Oposição tem feito um papel importante no executivo camarário, um papel crítico, um papel proactivo, no âmbito da fiscalização.

O que poderá distinguir a sua candidatura das outras já projectadas?
Não conheço os projectos das outras candidaturas, e eu gostaria de discutir projectos, pois o que está aqui em causa é um projecto para um concelho de Alenquer melhor. Estou convencido que qualquer um dos candidatos quer fazer o melhor para Alenquer, e o que vai diferir entre si são as prioridades e o modo com que se fazem as coisas; é isso que os eleitores terão que julgar.
Penso que o Partido Socialista irá apresentar as melhores propostas para o que se vai fazer nos próximos quatro anos, dando prioridade àquilo que os eleitores mais necessitam e sem fazer promessas de coisas que não se podem cumprir. É por isso que eu acredito que vai ser possível. O programa do Partido Socialista vai com certeza ser, porque eu só o assegurarei assim, um projecto realista. Só lá estará o que se poder fazer. Se as pessoas pensarem que aquilo que iremos propõe é prioritário para Alenquer, votarão no Partido Socialista.

Quais as áreas que vão ser preferenciais no seu mandato, caso ganhe as eleições?
Naturalmente o SOCIAL. Penso que Alenquer deverá ter muitas empresas e muito desenvolvimento mas penso que não deverá ter autocarros a trazerem os trabalhadores de manhã e a levá-los ao fim da tarde para os concelhos vizinhos. Penso que Alenquer terá que ter condições para ter um desenvolvimento no seu todo: empresas sim, mas os trabalhadores podem morar em Alenquer. Terá que haver a valorização do capital humano mas também dos equipamentos colectivos. As pessoas poderão trabalhar em Alenquer e ter qualidade de vida; como escolas e jardins-de-infância para os filhos, lares de qualidade para a terceira idade, etc.

Para focar só um caso recente, as medidas compensatórias sobre o Aeroporto da Ota, julga que elas são boas, ou são más?
Eu, e todo o executivo, queríamos muito mais, mas de facto ainda não estão implementadas as medidas compensatórias; teremos que aguardar com serenidade. Há medidas que são importantes para a região Oeste, que para nós não o são assim tanto, há outras que também nos sabem a pouco, mas, quase todas elas a nível do Oeste, eram investimentos já previstos anteriormente. Permitiu agilizar, ou tentar fazer mais depressa. Agora para Alenquer, que com Azambuja foi o concelho que de facto sofreu as consequências mais nefastas, soube a pouco. Vamos aguardar que o Plano de Acção Territorial nos traga mais algumas “mais-valias”.

Se já fosse o Presidente de Câmara quais as áreas que teria acautelado e que não foram privilegiadas agora?
Estas negociações foram sempre muito condicionadas. Foi apresentado por Alenquer um conjunto enorme de acções, nas quais eu concordei com quase todas, que depois foram afunilando para terminarem assim. Foi uma série de condicionantes, de reuniões, de negociações, que chegou até aqui. Uma das áreas que eu tenho muita pena de não ver concretizada, com “timings”, é o tal parque tecnológico. Acho que é uma área que seria importante estar “o preto no branco”.

PDM depois do aeroporto. Muda ou está bem assim?
O PDM está a ser mudado, e todo este processo do aeroporto “vem-que-não-vem, foi mais um “passo atrás” no tempo na sua reestruturação, pois ela foi sempre condicionada pela vinda do novo aeroporto para a Ota. Seria importante que até ao fim do ano este processo estivesse concluído.

Para terminar, qual vai ser a sua agenda politica até às eleições?
Claro que nestas duas ou três semanas vai-se falar do candidato, e eu vou continuar a falar às pessoas, com todo o gosto, mas depois o assunto entra em “hibernação” e eu vou deixar que as coisas naturalmente acalmem. Entretanto, vamos separar o que é o vereador Jorge Riso, vice-presidente de Álvaro Pedro, de tudo aquilo que virá a seguir, na altura própria, que é o Partido Socialista fazer um “trabalho de secretaria” para preparação do programa eleitoral e das listas. Todo esse trabalho vai ser feito calmamente, sem pressas, há muito tempo, para que quando chegar a altura da pré-campanha estar tudo preparado. É um trabalho mais da Comissão Política que propriamente do candidato. E a Comissão Politica e eu próprio ainda não estabelecemos a calendarização para os próximos actos políticos. Para já, neste momento, quero esquecer que sou candidato à Câmara; ainda falta muito tempo.



Hernâni de Lemos Figueiredo
©Hernâni de Lemos Figueiredo (2009)

diretor do Jornal D’Alenquer

in Jornal D’Alenquer de 6 de Outubro de 2009 (online)


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