Entrevista a… Álvaro Pedro

Entrevista a… Álvaro Pedro

01/03/2000 0 Por hernani

Entrevista a… Álvaro Pedro

“Há que saber aproveitar, em toda a plenitude, as vantagens proporcionadas pela vinda do aeroporto e minorar as desvantagens, que, com certeza também existirão”.

 

Álvaro Pedro, Presidente da Câmara Municipal de Alenquer

Álvaro Pedro, Presidente da Câmara Municipal de Alenquer

 

Álvaro Pedro, Presidente da Câmara Municipal de Alenquer, mostrou-se disponível e com total abertura à pretensão do Jornal D’Alenquer, e somente em dois dias agendou o nosso encontro no seu despretensioso, mas confortável, gabinete de trabalho.

Homem de trato simpático e palavra simples, bem cedo sentiu o chamamento da política quando ainda jovem se interessou pela campanha de Humberto Delgado. Com o 25 de Abril de 1974, fez parte do primeiro Conselho Administrativo que não correu lá muito bem mas que considerou como uma verdadeira escola. No entanto, isso não foi impeditivo de que fosse nomeado Presidente da Segunda Comissão Administrativa e, até hoje, tem-se mantido sempre a liderar a gestão camarária em Alenquer. Actualmente também preside à Associação dos Municípios do Oeste.

Álvaro Pedro define-se como um homem de sorte. Julga que a sua vivência, anterior ao exercício do cargo que actualmente exerce, o beneficiou. Entende que ser Presidente da Câmara o torna um instrumento privilegiado para servir as populações. Impôs na gestão camarária um cunho pessoal, varrendo quaisquer formalismo no seu relacionamento com a população. Considera que não tem inimigos políticos, mas sim adversários e por isso aceita e defende o debate de ideias mas abomina a mentira e quando se mexe com a dignidade e a honestidade das pessoas.

Mostra-se indignado quando um colega nosso da CS o acusa de defender a ideia de que os “jornais só devem existir para escrever coisas agradáveis do poder instituído” e nega totalmente que alguma vez tenha dito tal coisa, assim como nega também que o jornal “Nova Verdade” seja seu, como alguns acusam. Afirma mesmo que nunca chamou nenhum jornal e que alguns aqui da zona é que querem fazer entrevistas a pagar.

Convidado a pronunciar-se sobre os presumíveis candidatos Vladimiro de Matos e Rocha de Matos, cuidadosamente realça que os respeita, pois até é amigo de ambos. Já não entende uma possível aliança entre os dois, como vem expresso numa entrevista que um deles deu a um jornal.

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ORÇAMENTO
O orçamento é fruto de muitas conversas ao longo do ano entre si e as Juntas de Freguesia e os Vereadores.

Não dá grande importância a que o Orçamento tenha sido aprovado sem contestação e só com uma dúvida, pois esse orçamento é fruto de muitas conversas ao longo do ano entre si e as Juntas de Freguesia, entre si e os Vereadores. Mesmo quando questionado se os Deputados Municipais têm capacidade técnica suficiente para entenderem e apreciarem um orçamento desta complexidade em pouco mais de meia hora, respondeu que o orçamento, quando chega à Assembleia Municipal, os deputados já sabem tudo sobre ele, pois já o têm em seu poder, pelo menos há dez dias.

Mostrou-se satisfeito por a Câmara ter pago todas as dívidas aos fornecedores, com excepção de sete mil contos que estão em discussão em tribunal, e enalteceu o esforço do pessoal da contabilidade da Câmara para pagar tudo até 31 de Dezembro. Chegou mesmo a pedir às pessoas para virem receber o dinheiro, mas mesmo assim houve empreiteiros que não vieram apresentar os seus autos, para não aumentar os lucros do ano. Entende que os trinta mil contos/ano de comparticipação para a Associação de Municípios do Oeste, verba baseada no FEF, é dinheiro bem aproveitado.

Hernâni de Lemos Figueiredo, director do Jornal D’Alenquer a entrevistar Álvaro Pedro, presidente da Câmera Municipal de Alenquer

ESTRADAS

Finalmente vamos tirar as viaturas das pedreiras de dentro da vila.

Uma das críticas que alguns sectores da sociedade civil apontam, é o estado lastimoso de algumas estradas. Álvaro Pedro, sempre solicito, informou-nos de que, quanto à estrada Alenquer-Merceana, o empreiteiro já tem tudo aprontado para dar início às obras. Finalmente vão acabar os incómodos do estreito do Porto da Luz. Mostrou-se desgostoso por não ter conseguido que o IC11 passasse perto da Merceana mas, tecnicamente, foi impossível, pois para passar perto do Sobral e Arruda, fugia muito da Merceana e o contrário também é verdade. A Variante de Alenquer já tem aprovação e, se o Orçamento Geral do Estado correr bem no Conselho de Ministros, vai muito em breve ser apresentado na Assembleia da República. Começará nas Sete Pedras até à descida da Boavista. Finalmente vamos tirar as viaturas das pedreiras de dentro da vila. Enquanto não tivermos a Variante de Alenquer, não é possível fazer a grande obra do rio e a substituição da ponte de St Catarina. Também está tudo a conjugar-se para ser aberto concurso público. Pensa que, infelizmente, a variante de Santana da Carnota, conforme está projectada, não é para estes anos mais próximos. Para atenuar o problema está em estudo uma proposta da Junta de Freguesia para uma “alternativa”, que passa ao lado do cemitério novo. Se os técnicos aprovarem, é de concretização rápida. Quanto ao estudo da Ponte do Carregado, já foi aprovado e já saiu em Diário da República no princípio deste mês (Janeiro/2000). A Ponte já está entregue à Brisa. Sobre a variante do Carregado, disse que o tráfego que vem da Arruda, poderia aproveitar a estrada que vem da Termoeléctrica a Vila Nova da Rainha e passar por Obras Novas e Casal Pinheiro. A Câmara já fez sentir ao Sr. Ministro a necessidade destas obras estarem concluídas antes de começarem as obras do Aeroporto, para assim as acessibilidades ao concelho estarem operativas o mais rápido possível.

As estradas do concelho estão a ser melhoradas por três empreiteiros: estão a alcatroar a famosa estrada dos Cabeços, na Marinela; também foi melhorada a estrada que vai a Torres Vedras, pelos Casais Galegos. Toda aquela zona dos Casais Galegos, Vila Chã, Vale Benfeito é alcatroada agora; está a ser alcatroada a estrada de Parreiras; está outra equipa a alcatroar de Freixial a Freixial; foi alcatroada a avenida principal da Barrada. Em alcatrão a coisa está a avançar.
AEROPORTO

A vinda do aeroporto é irreversível e as obras começarão daqui a quatro anos

Pensa que a vinda do aeroporto é irreversível e as obras começarão daqui a quatro anos. Já passou credenciais para os técnicos entrarem nos terrenos, para se inteirarem de todas as situações. Quanto às pessoas quererem fazer obras e não estarem autorizadas pela ANA-Aeroportos e Navegação Aérea, essa situação já foi desbloqueada, numa reunião que teve com três directores. Não levantarão objecções, em relação a obras que mantenham a altura das paredes. Poderão é exigir paredes duplas, telhados duplos, isolamentos, etc.

Álvaro Pedro vê a necessidade de uma revisão no PDM-Plano Director Municipal, por forma a adaptá-lo à nova situação, criada pela instalação do aeroporto na Ota.

Mostra-se surpreendido com os ambientalistas que, a nível nacional, dizem que o aeroporto da Ota é o menos negativo, enquanto os ambientalistas do concelho de Alenquer dizem o contrário

Está convicto que a população foi bem informada das vantagens e inconvenientes da instalação do aeroporto, pelas várias reuniões havidas onde tudo foi falado, mas também entende que nestas coisas existem desvantagens e vantagens. As pessoas terão um papel importante em saber aproveitar, em toda a plenitude, as vantagens proporcionadas (desenvolvimento do concelho) e minorar as desvantagens (ruído e ar) que, com certeza, também existirão.

A zona do concelho mais prejudicada será a encostada ao corredor das pistas e também a que fica no seu enfiamento: Carregado, Camarnal, Casais Novos, Casal Pinheiro, Ota, Cheganças, sendo as quatro primeiras mais prejudicadas com o ruído. Poderá haver a grande vantagem do comboio ir à Ota, já não falando no TGV, com o prolongamento da via férrea de Azambuja ou da Vala do Carregado. No sector económico, com certeza, será o sector dos “serviços” o mais beneficiado.

Mostrou-se conhecedor das declarações de João Cravinho, feitas à Comunicação Social depois de um debate parlamentar, “que tinha sido vencido no governo pelos lobbies ligados a obras públicas”. “Não consegui vencer os lobbis. Fui vencido eu, foi vencido o governo e foi vencido o próprio PS” e começa a pensar duas vezes no que se passa por aqui. Acredita que não há dúvida, de que alguma coisa houve para ele dizer aquilo. Pensa que está tudo ligado à JAE. Há sempre interesses no meio de tudo isto.
SANEAMENTO

Muitas pessoas querem é a estrada arranjada e ninguém pensa nos esgotos.

Colocámos a questão de que no início do seu mandato tinha como prioridade principal a continuação do saneamento básico, mais precisamente os esgotos domésticos. Informou-nos de que no ano passado a Câmara gastou cerca de seiscentos mil contos em Estações de Tratamento. Este ano estão orçamentados seiscentos e oitenta e sete mil e quinhentos contos, mas continua a ser difícil de concretizar a total cobertura do concelho. Existem dez estações de tratamento e vai ser aberta outra para servir Aldeia Gavinha, Merceana e Freixial. A estação da Espiçandeira, que orçou em cento e vinte mil contos, serve essencialmente Meca, Espiçandeira, Penedos, Labrugeira e Olhalvo e toda a zona de Ribafria para baixo. A estação de Ota também já foi entregue ao empreiteiro, assim como os esgotos no Bairro e Estribeiro. Num universo previsto de vinte ETARs, dez já estão construídas e devidamente fiscalizadas por um técnico para cada estação que executa as análises químicas, como determina a lei. Quando o circuito estiver concluído, provavelmente irão contratar uma empresa especializada, que acompanhará todo o processo de fiscalização e manutenção das estações.

Informámos o Presidente que nalgumas aldeias, as pessoas, pela manhã, ainda despejam os dejectos nas valas. Respondeu-nos que muitas pessoas querem é a estrada arranjada e ninguém pensa nos esgotos. Tem avisado as Juntas de Freguesia de que se colocarem lá o alcatrão, não se pensa em esgotos para já. Compreende que há estradas em más condições, que precisam ser reparadas, mas é uma questão de prioridades. Estradas primeiro e esgotos a seguir, ou o contrário. O que desejaria de todo o coração era vivermos bem e não sermos uma terra com esgotos a céu aberto como o caso de Olhalvo, onde, por falta de verba, faziam-se muitos esgotos com pequenas fossas, e o resto saía tudo para o rio.
SAÚDE

Se a Câmara de Vila Franca de Xira não tem mudado de presidente, nós tínhamos ganho o Hospital do Carregado

Num orçamento de 59.000 contos, que Álvaro Pedro considera o mais elevado destes últimos anos, são contemplados 1.000 contos para o Centro de Saúde de Alenquer poder apoiar no que diz respeito a vacinas. Também contempla 5.500 contos para a recolha de lixos hospitalares, 2.000 contos para a medicina no trabalho, 4.000 para colóquios e 45.000 contos para construir o edíficio do Centro de Saúde da Abrigada. O Centro de Saúde do Carregado é a prioridade das prioridades e para o novo Centro de Saúde de Alenquer já ofereceu terreno, mas também se põe a hipótese de vir a ocupar umas instalações que foram abandonadas. Este ano vai ser feito o projecto. Em Abril vai realizar-se um Colóquio sobre a saúde do Animal. Estes colóquios dão para os representantes do Governo ouvirem aquilo que nós temos para lhes dizer. Informou-nos que tentou tudo para que o novo hospital ficasse no Carregado, tendo inclusive oferecido terrenos. Se a Câmara de Vila Franca de Xira não tem mudado de presidente, nós tínhamos ganho a luta.
SOCIAL

O jardim infantil do Parque Vaz Monteiro vai ser todo remodelado, incluindo os aparelhos, e as obras são para começar já

Álvaro Pedro mostrou-se muito sensível para com a terceira idade e falou-nos das obras que estão a decorrer no Carregado, Penedos e em Merceana e que serão contempladas pelo presente orçamento com cerca de 10.000 contos. Também irão colaborar nos centros de dia da Ota e de Abrigada.

Ultimamente tem-se investido muito na juventude, inclusive as construções da biblioteca e do próprio Auditório, foram feitas a pensar na juventude. Como é um segmento da população que requer outro tipo de cuidados, e porque pensamos que um carro só, na operação “Escola Segura”, era pouco, a Câmara ofereceu um outro carro à GNR. Agora fazem a segurança em Alenquer, Abrigada, Carregado e Merceana. A Câmara está a pensar na melhor maneira de se fazer um grande encontro de juventude.

Álvaro Pedro mostrou-se surpreendido com a falência da KALLEN, pois pensa que existe um jogo por trás daquela crise e quanto à FORD-LUSITANA disse-nos que a GE comprou a Ford com a obrigação de ficar com os 100 trabalhadores mais novos da firma e os outros seriam indemnizados.

Informámos Álvaro Pedro de alguns telefonemas recebidos na redacção do JA, provenientes de pais a lamentarem-se do estado degradado em que se encontra o Jardim Infantil do Parque Vaz Monteiro, em Alenquer. O senhor Presidente da Câmara informou-nos de que o parque vai ser todo remodelado, incluindo os aparelhos, e que tudo vai custar 6.000 contos. As obras são para começar já, e durarão cerca de três meses.
ENSINO

Propomo-nos comprar terreno e a dá-lo ao Ministério para a instalação de uma escola de ensino politécnico.

Sempre na crista da onda e por isso muito exposto, mais uma vez isso ficou evidente quando é acusado de que “O Presidente mentiu descaradamente à Assembleia Municipal” por causa do problema das senhas de refeição, comparticipadas pela CMA, para os alunos carenciados. Não retira uma vírgula àquilo que disse e remete para uma Assembleia extraordinária a resolução do problema.

Está consciente de que em Alenquer faz imensa falta uma unidade de ensino politécnico. Exclamou mesmo: “precisamos de formar técnicos de metalomecânica, do ramo alimentar, de agricultura, etc. Nós apostamos muito nesta geração. Propômo-nos a comprar terreno e a dá-lo ao ministério para a sua instalação”.
DESPORTO E COLECTIVIDADES
Não concebo chegar a uma Direcção de uma colectividade e impor como é que se devem aplicar as verbas dos subsídios

Dos 30.000 contos de subsídio às colectividades, 9.300 contos são para a Casa do Pessoal da Câmara. Álvaro Pedro esclareceu que é só uma maneira técnica de enquadrar o apoio aos trabalhadores da Câmara, como, por exemplo, os subsídios para os seus filhos. Segundo disse, das setenta e nove colectividades existentes no concelho, ainda são bastantes as que têm actividade desportiva, mas lamentou o facto de existirem alguns campos de futebol que estão quase abandonados. Ficamos a saber que, para além desta verba, as colectividades também são ajudadas com os PIDACs pequenos (6.000 contos cada), ajuda que se consegue obter do Governo. Perguntámos a Álvaro Pedro se havia alguma fiscalização à maneira como era aplicado o dinheiro subsidiado e respondeu-nos que não concebia chegar a uma Direcção de uma colectividade e impor como é que se deveriam aplicar aquelas verbas. Também ficámos a saber que não existe nenhum programa que regulamente a atribuição de subsídios às colectividades.
ECONOMIA

A Câmara pensa cobrar no ano 2000 cerca de 400 mil contos de taxa sobre os inertes

Confrontado com o Outlet Campera do Carregado, Álvaro Pedro informou o Jornal D’Alenquer que a Câmara, quando começou a analisar esta proposta, encontrou mais vantagens que desvantagens, e mais convencido ficou disso, depois da visita que efectuou a Barcelona. Segundo pensa, não vai ser um problema tão grave para os comerciantes. Vai haver progresso e bem-estar. Tanto com o aeroporto como com o Campera, tem que se levar em conta o progresso harmonioso de todo o concelho. Perguntámos se a lei não obrigaria a Câmara a consultar a estrutura de classe dos comerciantes, aquando dos pedidos de licenciamento para grandes superfícies e Álvaro Pedro respondeu-nos que esta pergunta vem ao encontro da pretensão do Presidente da ACICA quando fez saber à Câmara que nos projectos comerciais a ACICA pretendia dar uma palavra, o que o deixou bastante surpreendido, pois o Sr. Vladimiro de Matos já foi vereador e sabe perfeitamente que não existe vínculo nenhum e que a Câmara não tem competência para isso.

Sobre os horários de funcionamento, continua a defender que no dia em que todos os concelhos dos arredores aplicarem horários de fechar ao domingo, a Câmara de Alenquer adere logo, salvaguardando a situação do comércio pequeno pelas aldeias, onde por costume está tudo aberto.

Somos de opinião de que a Feira da Ascensão tem vindo a descaracterizar-se de ano para ano. Álvaro Pedro respondeu-nos que tem tentado por todos os meios que isso não aconteça, inclusive tem oferecido às grandes empresas do concelho para virem expor, totalmente de graça, mas mesmo assim elas não aceitam
Ficámos a saber que, mesmo sem qualquer verba atribuída no orçamente, a agricultura, comércio e indústria têm sido apoiados com verbas colocadas noutras rubricas, como por exemplo com a iluminação do Natal, onde foram gastos 1.500 contos. Se se dissesse que era para o comércio, era ilegal e o Tribunal de Contas não aprovaria. Está convencido de que o novo plano de contabilidade que está a sair para breve, já permite ser mais claro nas atribuições de verbas e já não será necessário esta ginástica toda.

Quanto a impostos esclareceu-nos que a taxa de derrama é uma receita importante para a Câmara, mas só pagam aqueles que têm lucros, e é uma pequena percentagem desses lucros. Sobre a Taxa de inertes ficamos a saber que os principais contribuintes são os proprietários de pedreiras e areeiros e que a Câmara pensa cobrar no ano 2000 cerca de 400 mil contos que é uma verba resultante de diversas consultas feitas à Associação Nacional de Municípios para saber quanto deveria cobrar por cada tonelada. Dessas consultas e duma pretensão dos industriais que pretendiam que o preço por tonelada fosse igual ao praticado pela Câmara de Sesimbra, estabeleceram o preço de 50 escudos por tonelada.
TURISMO

Deu entrada o primeiro projecto para a instalação de um hotel de 48 camas.

Os 10 mil contos orçamentados é muito para o que se tem feito, é manifestamente pouco para o que é necessário fazer. Perante a pergunta de até onde é possível ir com esta verba, o Presidente respondeu-nos que existem várias ideias, como por exemplo, irem recuperar as casas dos guardas, na Serra de Montejunto, para aproveitar as oportunidades oferecidas por um parque de campismo, a instalar na parte da serra que pertence ao concelho do Cadaval. Mas isso é muito pouco, insistimos: falta de oferta turística, falta de camas, falta de restaurantes vocacionados, falta de informação no exterior, falta de um posto de turismo. Perante este cenário, Álvaro Pedro reconheceu que o turismo em Alenquer não funciona, mas que as coisas iriam melhorar, visto terem uma técnica, a laborar no Gabinete do Consumidor, que tem estado a apoiar a Câmara nesta área. Ficamos a saber que mesmo ontem deu entrada o primeiro projecto para a instalação de um hotel de 48 camas, a instalar em Paredes, Alenquer. Quanto à famosa “Rota do Vinho”, enquanto estiver em projecto, não será divulgada.
CULTURA

Mesmo que não assista, tem conhecimento de tudo o que se passa.

Fizemos-lhe notar que o poder político, incluindo o senhor, não tem acompanhado muito as manifestações culturais. Mesmo na biblioteca de Alenquer, durante as diversas manifestações que ali tem lugar, nunca é visto por lá. Parece não querer beneficiar do que proporciona à restante população. Respondeu-nos que não é assim, pois já tem ido à biblioteca e que durante o Novembro Cultural foi a vários sítios, como a Casais Novos, Cabanas de Chão, Olhalvo, Abrigada, etc. Mesmo que não assista, tem conhecimento de tudo o que se passa.
PATRIMÓNIO

Está convencido que existe uma rede de traficantes a roubar as peças de valor histórico.

Perante o lastimoso estado de degradação em que se encontram alguns imóveis, Álvaro Pedro justificou que quanto à Torre de Santiago a culpa é do IPPAR, pois vieram cá vários técnicos e sempre disseram que “aquilo” não tinha valor; quanto ao Marco da Mala-Posta, volta a culpar o IPPAR por ter permitido que a JAE tenha mudado o marco quando construíu a estrada; uma residente que é colaboradora do IPPAR está fortemente empenhada num projecto para recuperação do património de Vila Verde dos Francos; o IPPAR volta a manifestar-se e desta vez sobre o Convento do alto da Serra de Montejunto. Dizem que está bem assim como está.

Álvaro Pedro está convencido de que existe uma rede de traficantes a roubar as peças de valor histórico e informou-nos de que o IPPAR já está em cima do acontecido e anda a ver se descobre alguma pista, tanto mais que estas peças não podem ser expostas; possivelmente foram roubadas para serem vendidas para quintas.
PROTECÇÃO CIVIL

Mostra-se satisfeito com a prestação de Manuel João Guiomar.

Álvaro Pedro mostra-se satisfeito com a prestação de Manuel João Guiomar. Considera “trabalho importante” o projecto municipal de protecção civil que em breve irá subir à Assembleia Municipal.

Corredor Aveiras-Lisboa e a circulação de viaturas de combustíveis; unidades fabris, como EDP por exemplo e postos de abastecimento de combustível em zonas residenciais, foram algumas das questões que colocamos a Álvaro Pedro. Quanto ao primeiro ponto esclareceu que, diariamente, recebe faxes a avisar a hora em que passam as viaturas; quanto à segunda questão, informou que não existe nenhuma articulação com essas empresas. A única situação palpável é um acordo com a antiga Base Aérea 2 da Ota, unidade que tem muito interesse pela existência de muitas camas, carros e homens. Considera que num caso de crise, a existência da base é muito importante. No terceiro ponto, e referindo-se exclusivamente ao posto de abastecimento Repsol do Carregado, informou que aquele terreno era da Câmara e o prédio já estava projectado para aquele local. A unidade de lavagem é que não devia lá estar, pois podia ter sido posta noutro sítio.
SEGURANÇA

Esquadra da GNR no Carregado, não faz sentido.

Quanto à segurança afirmou que em breve vai abrir um posto da GNR na Merceana. No Carregado, os técnicos da GNR, continuam a dizer não, visto terem a Azambuja, a Brisa, a Castanheira e Alenquer. Não faz sentido. Tem conhecimento de que, nas Assembleias de Freguesia do Carregado, tem sido acusado de querer pôr uma Super Esquadra em Sete Pedras, servindo assim as vilas de Alenquer e Carregado. Esclareceu que na impossibilidade de convencer os técnicos do Ministério, dizendo que era precisa segurança no Carregado, avançou com essa proposta visto a Câmara ter ali um terreno disponível.
AMBIENTE

O Centro de Saúde faz análises à água quando quer e sem a Câmara saber.

Álvaro Pedro já previa que o primeiro mês da recolha do lixo, depois da privatização, seria um mês de aflições, mas o serviço melhorou muito quando contrataram os motoristas da própria Câmara, que era quem conhecia melhor onde estavam os contentores. Insistimos que continuamos a ver os contentores cheios e o lixo ao lado, ao que respondeu que a empresa concessionária ainda não se tinha convencido de que há sítios que têm de ir todos os dias, como em Alenquer, como no Carregado, por exemplo. Agora a Câmara até tem um funcionário a acompanhá-los todas as noites. Informou-nos de que a recolha está assegurada, pois mesmo em sítios a que eles não vão existe um carro pequeno da Câmara que faz a recolha.

O Aterro Sanitário que irá servir catorze concelhos, está calculado para vinte anos e está orçado em um milhão e quatrocentos mil contos. A comparticipação de cada município é conforme a tonelagem de lixo depositado. Vai existir uma central de transferência, onde será depositado o lixo proveniente de Rio Maior e Azambuja. Quando estiver concluído o aterro da Merceana, o lixo sairá directamente para as instalações principais.

Rio de Alenquer – Despoluição, duração do contrato com a EPAL, obrigação de descargas; morte de milhares de peixes. Perante este cenário respondeu que despoluição não pois entende que enquanto houver peixes, não há poluição. Quanto à morte dos peixes sempre disse que a culpa foi dos químicos que aplicaram na agricultura; ficou tudo acumulado no leito do rio. Sobre a situação do contrato com a EPAL, diz que está feito já há alguns anos e que existe uma lei que determina que os subsolos são do Estado. O benefício que se tira desta situação é pagar a água mais barata. Quanto às descargas, aqui não valia a pena, porque da maneira que está o rio, não seria aconselhável.

Para quando o aproveitamento turístico do rio? barcos, animação nas margens, esplanadas, etc. Álvaro Pedro mostrou-se entusiasmado com o que está projectado para o Rio de Alenquer. Disse mesmo que quando o Orçamento de Estado estiver aprovado, começarão a recuperar todas as margens do rio, com passeios e estacionamento em espinha. Ficará mesmo com uma rampa para dar acesso ao rio a qualquer máquina ou barco. O projecto está feito e aprovado, assim como para a substituição da Ponte de Stª Catarina, mas esta obra só poderá avançar quando existir a variante de Alenquer.

Quanto ao controle da água potável, disse que é feito pelo Centro de Saúde e pelo laboratório do Ministério do Ambiente. O Centro de Saúde faz quando quer e sem a Câmara saber; o Ministério do Ambiente funciona a pedido, mas quando cá vem recolher amostras, fazem-no em várias zonas. No Verão fazem-se mais análises.
TRANSITO

Tem de haver alternativas ao fecho ao trânsito na Rua de Triana.

Há quantos anos não reúne a Comissão de Trânsito? Quais são as suas atribuições? A sua constituição é a mais aconselhada? Ficamos a saber que a CT reuniu anteontem, dia 25 de Janeiro de 2000, tem como exclusiva atribuição ajudar a Câmara nos vários estudos e a sua constituição, presentemente é oriunda da Assembleia Municipal mas vai ser alargada a outros sectores da sociedade.

Nas questões de trânsito está convencido de que não se pode fazer nada, enquanto não começarem as obras do rio. Por sua vez estas não poderão começar sem que a variante de Alenquer esteja concluída, para assim retirar da vila as viaturas das pedreiras e se poder fechar ao trânsito a Rua de Triana. Mas tem de haver alternativas ao fecho, e já apresentou as suas ideias à CT.

Os parquímetros vão resolver a situação? Então e as pessoas que moram e trabalham ali onde põem os carros? Aqui Álvaro Pedro respondeu-nos que estas situações estarão a coberto da utilização de cartões de utentes e as pessoas que habitualmente deixam o carro, de manhã, para apanharem os autocarros da RN para Lisboa, irão pôr os carros na Romeira, ou no outro parque de estacionamento que vai ser construído na antiga Fábrica de Papel.
PELOUROS

Os vereadores não podem praticar a sua própria política, e enquanto não mostrarem que politicamente estão com a Câmara, não se lhes pode dar pelouro algum.

alvaro_pedro_5Por nos parecer mais oper¬acional e com uma maior articulação a funcionalidades de determinados pelouros chave da gestão camarária, colocamos a Álvaro Pedro o seguinte quadro de distribuição de pelouros:

Álvaro Pedro disse-nos que existem vereadores que pela sua natureza não dão para determinados pelouros. Quando escolhe os vereadores para os pelouros, é pelas suas sensibilidades. Há vereadores que gostavam de ter outros pelouros, mas entende que eles assim estão bem distribuídos. Questionado por nós se o Turismo não teria mais justificação se estivesse na responsabilidade do mesmo vereador do Património Histórico, chamasse-se ele Luís Rema ou José Maurício, respondeu-nos que o José Maurício já o representava na Região de Turismo do Oeste, portanto entende que ele está muito bem como está.

Aprecia a paciência e o trabalho, que julga extraordinário, do vereador Orlando Pereira, principalmente nas áreas da saúde e da educação. Quanto ao vereador José Maurício reconhece o trabalho valioso que tem feito no turismo e com as colectividades, pois estas todas se sentem prejudicadas em favor das outras e isto torna-se muito difícil de gerir. É o vereador mais criticado, precisamente por isto. Na cultura o anterior responsável era o vereador Orlando Pereira, mas como tinha um trabalho muito exaustivo, nesta legislatura entregou então o pelouro a Luís Rema que tem estado a fazer um bom trabalho. O vereador José Augusto está a ajudá-lo nas Juntas de Freguesia e no Ambiente. Anda consigo à noite nas reuniões, mas tem pouco tempo disponível.
É defensor de que o executivo da Câmara deveria sempre ser gerido pelo partido que ganha e com a presença da oposição. Quando é para defender o concelho todos deveriam despir as camisolas. Tem até uma certa admiração pelo vereador Manuel João Guiomar do PSD, quando considera que ele tem feito um trabalho importantíssimo no pelouro da Protecção Civil. Lamenta que o vereador José Manuel Catarino, da CDU, não tenha nenhum pelouro. Diz que não pode entregar um pelouro a uma pessoa se ela não pensar que o Presidente da Câmara é ele, onde nada se faz sem o seu consentimento, sem a sua assinatura. Os vereadores não podem praticar a sua própria política, senão não recebem a confiança política do Presidente. Enquanto não mostrarem que politicamente estão com a Câmara, não se pode dar pelouro nenhum.

 

Fotografia: Pedro Pires

 

Hernâni de Lemos Figueiredo
©Hernâni de Lemos Figueiredo (2000)

diretor do Jornal D’Alenquer

in Jornal D’Alenquer de 1 de Março de 2000, p. 16 a 19

 

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