“Chaninho” foi homenageado

18/02/2006 0 Por hernani

Graciano Troni janta com 98 amigos

“Chaninho” foi homenageado

E porquê “Chaninho”? Porque era mais fácil pronunciar do que “Gracianinho”. E este tratamento familiar e carinhoso de infância acompanhou Graciano Troni até aos dias de hoje.

Graciano Troni ladeado pelas netas, Maria Leonor e Margarida

Graciano Troni ladeado pelas netas, Maria Leonor e Margarida

Um grupo de amigos de Graciano Troni decidiu organizar um jantar de confraternização em sua homenagem por ocasião da passagem do seu octogésimo aniversário, comemorado dois dias antes, a 15 de Fevereiro. Foram eles Mestre João Mário, Filipe Soares Rogeiro e Nuno Santos Alexandre, todos intervenientes no livro “Alenquer Desaparecida”, uma colectânea fotográfica das décadas de trinta e quarenta, da colecção de Graciano Troni. O primeiro, proprietário do Museu João Mário, local da apresentação do livro; o segundo, autor do livro, sobretudo dos textos complementares das fotos; o último, proprietário da Arruda Editora. O jantar decorreu no “Restaurante D. Nuno”, em Alenquer, na noite de 17 de Fevereiro de 2006.

Pouco passava das 19,30 quando chegámos ao “D. Nuno”. “É por ali”; um “ali” que significava a escadaria que conduzia à sala principal, no primeiro andar. Seguimos a dica do empregado e subimos ao piso superior, onde a “organização” dava conta de quem chegava: João Mário “abatia” os nomes na lista de inscrição, e Filipe Rogeiro era o “caixa” de serviço.
Graciano Troni, o homenageado, recebe-nos com um sorriso largo. Por detrás de uma aparente calma era adivinhável algum entusiasmado, pois tinha a “casa” cheia, mas dá-nos atenção: “obrigado por teres vindo”, disse-nos.
Como a sala estava dividida ao meio por uns biombos, espreitámos; e vimos muitos dos 98 amigos que quiseram estar presentes nesta manifestação de afecto para com o “Chaninho”; pessoas de vários sectores da sociedade e quadrantes políticos, do PS ao PSD, passando pelo PCP e PP. Pessoas mais “entradotas”, a maioria, mas também alguns jovens, sobretudo em representação de algumas colectividades que fizeram parte do trajecto associativo de Graciano Troni. Mais do que uma romaria ao passado tratou-se de uma manifestação de vitalidade, porque embora os tempos tenham mudado, a verdade é que a vida continua.

Comissão organizadora entrega a Graciano Troni uma placa comemorativa

Comissão organizadora entrega a Graciano Troni uma placa comemorativa

A nossa mesa, uma mescla de juventude e de… recordações, é a prova provada de que assim é, pois para além de um anterior homenageado, Mateus Carvalho, e da esposa, também lá estavam dois dos tais jovens acima referenciados: Pedro Costa (ACICA) e Pedro Franco (LIGA). Para além de Manuel Joaquinito, ex-presidente da ACICA, de José Júlio, também ele um homem com a vida dedicada ao associativismo, e de Nuno Roldão, nosso colaborador e autor do único “discurso da noite” autorizado pela organização.
Depois do jantar, propriamente dito, houve lugar à entrega de algumas lembranças, Sporting de Alenquer, LIGA, SUMA, ACICA e Freguesia Santo Estêvão, que as duas netas, Maria Leonor e Margarida, abriam e liam as respectivas mensagens que as acompanhavam. A prenda mais festejada foi, com certeza, a placa comemorativa daquela homenagem, oferta de todos os presentes e que a comissão organizadora fez questão de estar completa para efectuar a sua entrega.
A noite terminou com a intervenção de Nuno Roldão, como já dissemos acima, a única intervenção permitida, isto para evitar ao homenageado aquelas emoções mais fortes que estes momentos sempre proporcionam. Foi uma alocução simples e sentida, e que terminou com um forte abraço entre o homenageado e o orador, com este último a não conseguir evitar a comoção.
Falta falar do “Chaninho”. E porquê “Chaninho”? Porque era mais fácil pronunciar do que “Gracianinho”. E este tratamento familiar e carinhoso de infância acompanhou Graciano Troni até aos dias de hoje.
GRACIANO TRONI – “CHANINHO”
Último dos oito filhos de Augusto Adolfo Namorado Troni e de sua mulher, D. Maria de Morais Mesquita, Graciano Troni nasceu nesta vila, em 15 de Fevereiro de 1926, numa casa da Rua Tenente Valadim, antiga Rua da Cadeia, hoje Rua Maria Milne Carmo.
Seu pai, tesoureiro da Câmara Municipal, monárquico com influência na política local, próximo de Jaime Ferreira, destacou-se, depois do 28 de Maio, como provedor da Santa Casa da Misericórdia e Hospital, que administrou cerca de 15 anos.
Com origens em Montemor-o-Velho, a família paterna instala-se em Alenquer por volta de 1886-87, quando o seu avô, Dr. Augusto Troni, filho de um lente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, e neto de um oficial italiano, o primeiro deste apelido que se instalou em Portugal, toma posse como médico do partido desta vila.
Também por Alenquer passaram seus avós maternos. O avô, natural da ilha da Madeira, foi aqui, no principio do século XX, chefe da estação telégrafo-postal. Pela avó, oriunda da Merceana, tem Graciano Troni, origens mais remotas neste concelho, no alto-concelho, para melhor dizer, onde, pelas primeiras décadas do século XIX, já existia a família Morais Correia de Sá, de quem descende.
Frequentou a instrução primária na rua onde nasceu e sempre residiu, na Escola Conde Ferreira, tendo como professor Joaquim Rodrigues Tapada Júnior. Iniciou a instrução secundária também nesta vila, no Colégio Municipal Damião de Góis, até completar o 5º. Ano. Os 6.º e 7.º anos completou-os em Lisboa, na Escola Pedro Nunes, onde foi aluno de António Sérgio.
Empregou-se na secretaria da Câmara Municipal de Alenquer. Mais tarde, no escritório da Fábrica de Produtos Cerâmicos de Abrigada.
Em Alenquer envolve-se, a partir da década de quarenta, na vida de todas, ou quase todas, as associações, quer como simples sócio, quer integrando, e foram muitas vezes, os seus corpos sociais; isto até aos anos noventa. Foi um dos fundadores, e mais tarde presidente da direcção, do Sport Alenquer e Benfica; presidente da direcção do Sporting Clube de Alenquer; dirigente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alenquer; dirigente da Liga dos Amigos de Alenquer; presidente da direcção da Sociedade União Musical Alenquerense; vogal da direcção da Santa Casa da Misericórdia de Alenquer.

Hernâni de Lemos Figueiredo
©Hernâni de Lemos Figueiredo (2006)

Director do Jornal D’Alenquer

in Jornal D’Alenquer, 18 de Fevereiro de 2006 (23:00), online

 

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