Catarino (CDU) quer a presidência da Câmara

Catarino (CDU) quer a presidência da Câmara

07/09/2013 0 Por hernanifigueiredo

Em Alenquer, com a presença de Jerónimo de Sousa

Catarino (CDU) quer a presidência da Câmara

“Vamos lutar, porque se o fizermos, se juntarmos aqui a insatisfação daquilo que não foi feito com a satisfação daquilo que se conseguiu fazer com 0,7 por cento do orçamento municipal, não tenho dúvidas de que iremos ter a presidência da Câmara Municipal de Alenquer”.

ALENQUER – Autárquicas 2009
José Manuel Catarino, candidato da CDU à presidência da Câmara Municipal de Alenquer

Jerónimo de Sousa esteve em Alenquer, no dia 30 de Agosto de 2009, no almoço-convívio patrocinado pela CDU, no âmbito das eleições legislativas e autárquicas. Cerca de duzentas pessoas, muita juventude à vista, ouviram entusiasticamente os intervenientes da tarde.
A primeira oradora foi Isabel Graça, candidata na lista da CDU para a Câmara de Alenquer e a Deputada à Assembleia da República, que começou por caracterizar o panorama que se vive em Alenquer como não sendo melhor do que o da região ou do país. “Aqui encontramos também a mais grave recessão económica, com fábricas e comércio a fecharem. Temos um concelho que tem perdido qualidade de vida nos últimos anos”. Dividiu o concelho em duas zonas distintas: um baixo concelho que disse crescer desordenadamente com um aumento urbano e populacional desenfreado, e um alto concelho a perder população e influência.
Para Isabel Graça, a pequena e média agricultura estão abandonadas, como constata o número actual de adegas cooperativas, que de três na década de 80 passou actualmente para uma. Para a candidata comunista isso “demonstra o desinteresse dos últimos governos em proteger e em incentivar a pequena e média agricultura, esquecendo a soberania alimentar que vem sendo drasticamente reduzida desde a nossa entrada na União Europeia”.
O “aeroporto da Ota” não passou em claro a Isabel Graça. “Durante 10 anos o aeroporto foi a miragem e a apregoada solução para todos os problemas; agora que a miragem se esfumou não podemos continuar com a construção desenfreada para que aqueles que apostaram na especulação imobiliária continuem a lucrar, ignorando o que é o desenvolvimento do concelho, da região e do todo nacional.”
De seguida, José Manuel Catarino, candidato à presidência da Câmara de Alenquer, afirmou que as listas para as autárquicas foram apresentadas “sem problemas e sem promessas de emprego nem de promoções. “Duma forma tranquila apresentamos 323 candidatos, mais 100 do que era obrigatório. Desse conjunto 131 são militantes do PC e 192 são independentes. 205 são homens e 118 são mulheres. Cumprimos a paridade e ultrapassamo-la sem qualquer problema”.
Catarino informou de que a CDU está a elaborar um Programa a que chamam participativo. Já reuniram com cerca de 40 clubes, associações, colectividades e conselhos directivos das escolas ”no sentido de que o programa da CDU não seja um programa vazio de conteúdo, um programa de pessoas que estão no gabinete. Ele é e vai ser um programa das pessoas e para as pessoas”, enfatizou. José Manuel Catarino finalizou denunciando os objectivos da campanha: “Vamos lutar, porque se o fizermos, se juntarmos aqui a insatisfação daquilo que não foi feito com a satisfação daquilo que se conseguiu fazer com 0,7 por cento do orçamento municipal, não tenho dúvidas de que iremos ter a presidência da Câmara Municipal de Alenquer”.
Os maiores aplausos da tarde estavam reservados para Jerónimo de Sousa, o Secretário-Geral do Partido Comunista Português, que começou por dar “uma felicitação muito fraterna dum visitante deste concelho de há muitos anos, de muitas reuniões, em muitas lutas, em muitos encontros e em muitos momentos eleitorais”.
Numa prolongada intervenção Jerónimo de Sousa não esqueceu os dois partidos da alternância, PS e PSD. “Estes dois partidos querem fazer crer que estas eleições são só para o primeiro-ministro e para o Governo. É a primeira mentirola destas eleições de 27 de Setembro, que são para eleger deputados, deputados que vão fazer as leias da Republica, deputados que vão fiscalizar a acção do futuro Governo, deputados que consoante a relação de forças ditarão a constituição do governo, de onde emanará o 1º. Ministro e os Ministros. Portanto é um embuste o que vocês ouvem frequentemente que a luta é entre a Ferreira Leite e o Sócrates. Não é verdade, a luta eleitoral é entre os 230 mandatos que há para disputar. Essa coisa da eleição ser para o 1º Ministro é uma mentirola que nós devemos desmistificar”.
E a mira continuou apontada a PS e PSD. “Tanto o PS com o PSD não são capazes de apresentarem ao povo português uma política diferente, uma política que responda aos problemas nacionais, e estamos a falar do desenvolvimento e do crescimento económico, do desemprego, da desvalorização dos salários e das pensões, da defesa dos interesses dos pequenos e médios empresários, da resposta que se tem que dar aos professores, da resposta que se tem que dar aos trabalhadores da administração pública. Há uma coisa que nem no genérico dizem, que é em relação aos grandes interesses, aos grandes grupos económicos, ao capital financeiro, em relação àqueles que tem mordomias, privilégios, lucros. Vocês não ouvem uma palavra a dizer alto, basta, basta deste “regabofe” de lucros abismais, de privilégios, de isenções”.
Incentivado por fartos aplausos Jerónimo de Sousa persistiu. “Nem uma palavra vocês ouvem. Porque estão os dois de acordo, isso é algo de imputável. Isso é um santuário que o PS e PSD não querem incomodar. E aqui abre-se uma questão de fundo. O nosso PIB não é elástico, não estica. Nós estamos em dificuldades, estamos em crise. Para sair da crise como é que nós fazemos? Para o PS e PSD no grande capital não se toca, mas dizem “vamos ajudar os pequenos e médios empresários, os pequenos e médios agricultores e os pequenos e médios comerciantes. Está lá esta declaração, mas depois não dá a “bota com a perdigota”. Como é que eles podem ajudar os pequenos e médios comerciantes se estão de acordo com a facilitação dos horários e dos licenciamentos para as grandes superfícies? Os pequenos comerciantes não podem fazer concorrência com esse liberalismo que existe em termos de licenciamentos e de horários existentes nas grandes superfícies”.
Mais aplausos aumentaram o entusiasmo da intervenção do Secretário-geral do Partido Comunista Português. “O problema das pequenas empresas hoje não é criar mais postos de trabalho; o seu problema é defenderem os postos de trabalho que têm. Ainda esta semana ouvi o senhor Presidente da República dizer o que é preciso é aumentar a competitividade das nossas empresas. Que coisa bonita! Nós todos assinamos por baixo mas, eu pergunto, como é que uma pequena empresa pode ter capacidade de competitividade com os vizinhos espanhóis se eles pagam menos energia, menos combustíveis e menos impostos? Não venham com esta hipocrisia, criem é as verdadeiras condições para a defesa do nosso aparelho produtivo, dos micros, pequenos e médios empresários e não com esta conversa fiada com que andam a enrolar os portugueses há mais de 30 anos”
E a agulha continuou virada para os alvos do dia. “Estes dois partidos têm diferenças, estamos de acordo, mas o PSD se pudesse tomar outra vez conta do poder acelerava as privatizações, acelerava a ofensiva contra os direitos dos trabalhadores, e o PS não tem grande moral, pois no que respeita à privatização da Segurança Social, a ideia estava já prevista na lei de bases aprovada pelo Governo de Guterres onde estava lá incluída a ideia do plafonamento. Há diferenças, e assumimo-las, mas naquilo que é estruturante e fundamental, nas questões cruciais da nossa sociedade portuguesa de hoje, eles são iguais”. Mais aplausos, uma constante desta intervenção.
“Sócrates critica muito a Direita, porque o PSD é de Direita e porque tem um projecto de Direita. Espero que a Dr.ª Ferreira Leite nunca se lembre de dizer “sim, é verdade, nós somos de Direita mas você conseguiu fazer alterações ao Código do Trabalho pior do que aquelas que nós fizemos no tempo do Bagão Félix”. Muitos aplausos dos presentes e vivas à CDU interromperam Jerónimo de Sousa.
E a intervenção inflamada do Secretário-geral do PCP continuou. “E é por isso que eles têm esta similitude e esta dificuldade em demarcarem-se, em apresentarem uma solução alternativa para o nosso país. Nós criticamos o Sócrates não por ele ter um nariz maior ou mais pequeno, ou porque é muito ou pouco arrogante; não é por isso Nós criticamos o Sócrates porque hoje, com a sua governação, temos um país com mais desemprego, um pais mais desigual, mais endividado, mais dependente do estrangeiro. É esta a critica que fazemos ao Partido Socialista e a Sócrates, e não outra. Realmente a parte final da intervenção de Jerónimo de Sousa estava constantemente a ser interrompida com mais aplausos e mais aplausos.
O secretário-geral do PCP ainda disse que depois de a política de direita ter saído derrotada nas eleições europeias de 7 de Junho era preciso agora derrotar os seus executantes, e defendeu a CDU como uma força alternativa de esquerda. E concluiu o seu discurso sempre coberto por muitos aplausos. “O PS não tem que se queixar de ninguém, não tem que se queixar porque a luta existiu; o PS tem que se queixar é da política que realizou quando abdicou das suas bandeiras, quando se entregou ao capital financeiro, quando lhe permitiu os benefícios e as mordomias, quando enchendo o peito de ar, animado pela Direita, pelos comentadores e pelos analistas: SÓCRATES ESTÁ A FAZER AS REFORMAS; SÓCRATES É MUITO CORAJOSO PORQUE COMBATE INTERESSES INSTALADOS. Mas, afinal quais eram esses interesses instalados? Era o trabalhador ter direitos no seu posto de trabalho? Eram os trabalhadores da Administração Pública terem os direitos que lhes eram reconhecidos contratualmente? Eram os professores terem direito a uma carreira e a um estatuto dignos? Isso é que eram os interesses instalados, isso é que é coragem? Atacar quem trabalha, quem menos força tem, quem é mais frágil economicamente é? Que raio de coragem estas. Este Governo nunca teve a coragem de atacar os poderosos e aqueles que mais têm e que mais podem. E é por isso que nós criticamos este Partido Socialista e é por isto que nós dizemos que somos a alternativa ao Partido Socialista”. Jerónimo de Sousa terminou ao seu discurso debaixo de grande ovação.


Hernâni de Lemos Figueiredo
©Hernâni de Lemos Figueiredo (2009)

diretor do Jornal D’Alenquer

in Jornal D’Alenquer, 30 de Agosto de 2009 (online)


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