Vem aí o “euro”, uma moeda para Portugal: Do Neolítico ao “euro”

Vem aí o “euro”, uma moeda para Portugal: Do Neolítico ao “euro”

01/05/2001 0 Por hernanifigueiredo

Vem aí o “euro”, uma moeda para Portugal

Do Neolítico ao “euro”

Em Portugal, até ao reinado de D. João III, vivia-se exclusivamente no regime de economia natural, isto é, as mercadorias trocavam-se por mercadorias e os serviços recebidos pelo “Estado”, bem como os vencimentos dos seus funcionários, eram pagos em géneros, quase exclusivamente agrícolas

Euro-Mao

Hoje os arqueólogos admitem que as quantidades de armas e utensílios encontrados do Neolítico seriam reservas destinadas às trocas comerciais pois, na Antiguidade, devido às necessidades, à limitada capacidade produtora do homem e à insuficiente produção de cada comunidade, os povos trocavam aquilo que tinham por aquilo que lhes faltava, e se encontrava na posse doutros povos. Nasceu o comércio que, primitivamente, foi a troca directa de duas coisas de valor semelhante, sempre com o mero carácter de permuta de mercadorias contra mercadorias.

O comércio entre as civilizações dos vales do Tigre e do Eufrates e a do Egipto, feito por caravanas através do deserto, conservou-se durante séculos e, só mais tarde, os Fenícios começaram a desenvolver o comércio por via marítima, das costas da Síria, primeiro para Chipre e Rodes e depois até ao Mediterrâneo. Mas, a troca directa, que era possível em civilizações próximas, tornou-se dificílima com povos doutras regiões, e houve que se encontrar uma mercadoria intermediária, que servisse de medida comum e perpétua de trocas: a moeda, quer esta fosse de pedras ou conchas exóticas, cabeças de gado, ou em pedaços de metal mais ou menos precioso (ferro, bronze, cobre, prata e ouro). A introdução das trocas de coisas por moeda de valor igual suscitou o nascimento duma nova classe social: os comerciantes.

Parece que os Fenícios se limitaram à simples troca, e que foram os Gregos que difundiram o uso da moeda. Atenas chegou a manter uma moeda de prata que conseguiu geral aceitação. No início da sua história, Roma interessou-se pouco com o comércio, pois foi uma civilização eminentemente agrícola e, só depois da destruição de Cartago (146 a.C.) é que se dedicou mais intensamente ao comércio.

Entretanto, foi-se impondo a necessidade de uma mercadoria-tipo, isto é, vulgo moeda. Nas antigas sociedades de economia agrícola, além dos cereais, também houve o gado como moeda de troca. Pecúnia (dinheiro) vem de pecus que quer dizer gado. Quando a escravatura se generalizou, os escravos passaram a desempenhar também essa função de moeda-viva. Daqui passou-se à moeda-metálica, por ser mais prática de transportar e por não ter tanto desgaste. Esta valia pelo seu peso, comparado ao das mercadorias com que se permutavam.

Dificilmente se poderá dizer quando e onde se iniciaram as operações de cunhagem de moeda. Ela fazia-se em Roma regularmente. Na Idade Média, e com a chegada de grandes quantidades de metais preciosos descobertos no Novo Mundo, aumentou consideravelmente a cunhagem de moeda.

Em Portugal, até ao reinado de D. João III, vivia-se exclusivamente no regime de economia natural, isto é, as mercadorias trocavam-se por mercadorias e os serviços recebidos pelo “Estado” bem como os vencimentos dos seus funcionários eram pagos em géneros, quase exclusivamente agrícolas. Antes de estabelecido o actual sistema monetário português, era vulgar, principalmente no norte do país, avaliar o valor das compras e vendas em moedas. A primeira moeda portuguesa foi o marco de prata, que valia onze dinheiros.

Depois de ultrapassada a fase da unificação nacional, entrou-se claramente no período de economia monetária e, durante muito tempo, reinou uma grande confusão, pois cada rei, no início do seu reinado, cunhava a sua própria moeda e fixava o seu valor em libras. No reinado de D. João I apareceu o real, que veio substituir o marco. A emissão de papel-moeda só se iniciou, em Portugal, no ano de 1687. Também circulava o morabitino, uma moeda em ouro, com o valor de vinte e dois soldos. Entretanto o marco foi-se desvalorizando e, no reinado de D. Fernando, foram cunhadas novos marcos, todos eles de baixo valor. Foram os barbados, pilartes e graves. A República reforçou o sistema monetário. O real há muito que era uma moeda pequena, que obrigava a muitos números e, então, foi criado uma outra unidade, o escudo (1911), equivalente a mil réis.

Ao longo da sua evolução as moedas foram-se aperfeiçoando, quer na qualidade e na forma, quer nas suas funções. Da moeda-metálica em forma de barras, e do seu valor determinado pelo peso, passou-se à moeda-puncionada, pedaços metálicos com o valor gravado e, finalmente, chegou-se à moeda na forma que ainda hoje existe: discos cunhados.

A exportação de moeda era frequentemente proibida porque dava-se importância especial à acumulação de metais preciosos dentro de cada país. Porém, as feiras deram a mercadores, que se dedicavam ao comércio a longa distância, a oportunidade de comerciar com alguma liberdade temporária, sendo, assim, necessário organizar o “câmbio de moeda” por causa da grande variedade das moedas que circulavam.

Com o decorrer do tempo, o dólar americano tornou-se quase como moeda-padrão para as transacções internacionais, e os países europeus ficaram nitidamente a perder com essa circunstância. Assim, em 1 de Janeiro de 1999, onze Estados-membros da União Europeia, entre os quais Portugal, adoptaram o Euro como moeda única e, a partir de 1 de Janeiro de 2002, já poderemos fazer qualquer transacção com a nova moeda. Todos os países passam a ter uma equivalência entre o Euro e as suas moedas actuais. Para Portugal, o Conselho Europeu atribuiu a taxa de conversão de um Euro valer 200,482 escudos.

REPORTAGEM: Vem aí o “euro”, uma moeda para Portugal

Do Neolítico ao “euro”

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Notas e Moedas
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Hernâni de Lemos Figueiredo
©Hernâni de Lemos Figueiredo (2001)

diretor do Jornal D’Alenquer

in Jornal D’Alenquer, 1 de Maio de 2001, p. 31 a 33

 

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