“A Globalização da Complexidade” (iv): Clube Bilderberg, um Governo Mundial Único

“A Globalização da Complexidade” (iv): Clube Bilderberg, um Governo Mundial Único

26/02/2019 0 Por hernani

Baseado na obra de Mike Featherstone, 

“A Globalização da Complexidade” (iv)

Clube Bilderberg: um Governo Mundial Único

“Embora o futuro seja invisível e seja necessário esperar o inesperado podemos analisar o sentido dos processos atuais e prever três grandes eventualidades: o advento de uma sociedade-mundo; o advento das metamáquinas; o advento de uma meta-humanidade.”

Edgar Morin

Edgar Morin

E a «sociedade-mundo», as «metamáquinas» e a «meta-humanidade» aí estão, numa intenção que não é nova; novidade é a surpreendente proposta da sua consumação até às últimas consequências. Daniel Estulin, um jornalista russo, há muito radicado no Canadá, levou cerca de duas dezenas de anos a investigar todas as tramas e segredos que envolvem o «Clube Bilderberg». O seu registo tornou-se um «best-seller» traduzido em 34 línguas e publicado em mais de 50 países.

O Clube Bilderberg existe desde 1954. A partir daí, “todos os anos há uma reunião com os homens mais poderosos do mundo para debaterem o futuro da humanidade. Entre os membros seleccionados estão Bill Cliton, Paul Wolfowtz, Henry Kissinger, David Rockefeller, Tony Blair e muitos outros chefes de governo, homens de negócios, políticos, banqueiros (…) Presidente do Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Reserva Federal Americana, presidentes de 100 empresas mais poderosas do mundo (…) vice-presidentes dos Estados Unidos, Directores da CIA e do FBI, Secretários-gerais da NATO, senadores, congressistas americanos, Primeiros-Ministros europeus, e líderes de partidos; editores e CEO de topo dos principais jornais do mundo” (ESTULIN, 2005 p. 18).

“Os Bilderberg procuram a era pós-nacionalismo: quando deixarmos de ter países, mas sim regiões da Terra rodeadas por valores Universais. Ou seja, uma economia global, um governo mundial (selecionado em vez de eleito) e uma religião universal”. Mas os Bilderberg têm alguns receios, e “o principal medo do Clube Bilderberg é a resistência organizada. Os membros não querem que o povo do mundo descubra o que está a arquitetar para o futuro do mundo. Principalmente um Governo Mundial Único (Empresa Mundial) com um único mercado global, policiado por um único exército mundial e, finalmente regulado por um único Banco Mundial, mediante moeda global única”. (ESTULIN, 2005 p. 61).

A «teoria da conspiração» poderá sempre estar presente no ânimo de quem possa ler esta dissertação, pois ela nada mais mostra do que aquilo que foi escrito por Daniel Estulin. Mas por detrás das suas palavras estão muitas horas difíceis de investigação, muitas horas felizes por ter conseguido escapar a atentados mortais, muitos subornos no interior do próprio Clube Bilderberg, etc., etc. E tudo isso proporcionou a posse de documentação única, confidencial, importante e credível. “A Nossa Aldeia Global constitui um plano para o futuro papel da ONU enquanto supergoverno global. (…) Uma investida final contra a soberania nacional, erodindo-a pedaço a pedaço, conseguirá muito mais do que um ataque típico” (ESTULIN, 2005 p. 103).

Igualmente documentada, e devidamente programada está a “lista das intenções dos Bilderberg para alcançarem a Empresa Mundial. Uma identidade Internacional; o controlo centralizado do povo (mediante controlo da mente, eles tencionam ordenar a toda a humanidade que obedeça); uma sociedade de crescimento zero (num período pós industrial será necessário o crescimento zero para destruir quaisquer vestígios de prosperidade); um Estado de desequilíbrio perpétuo (orquestram artificialmente crises que sujeitam as pessoas a dificuldades contínuas); o controlo centralizado de toda a Educação (passa por deixar que os “globalistas” do mundo tentem esterilizar o passado do mundo; a juventude não recebe lições de história); o Poder para a ONU; a expansão da NATO; Um sistema jurídico (o Tribunal Internacional de Justiça será o único sistema jurídico do mundo); Um Estado Providência Socialista (onde os escravos obedientes serão recompensados e os inconformistas isolados para extermínio) ” (ESTULIN, 2005 p. 61).

E o que nos trás esta nova globalização emergente que o Clube Bilderberg patenteia e que paira sobre a nossa cabeça com uma «espada de Damocles»? “Um só governo mundial, uma só economia global, um só exército global, uma só justiça global, uma só moeda global, uma só religião universal, uma só política global” (ESTULIN, 2005 p. 61); e de matizes fortemente socialistas, obviamente. “Teremos um governo mundial, quer gostem quer não – por conquista ou consentimento”, lembra-nos a doutrina inscrita nos documentos do Clube Bilderberg. (ESTULIN, 2005 p. 103).

Sendo assim, o Clube Bilderberg potencia um cenário totalmente oposto aquele traçado por Featherstone, quando este diz que “o processo de globalização tende a prover um cenário para a expressão de diferenças: não só revelando «um arquivo mundial de culturas», em que os exemplos do exótico remoto são trazidos diretamente para a esfera do familiar, mas oferecendo um espaço para o confronto mais drástico entre culturas. Se, de um lado, estão em curso processos de integração cultural no plano global, de outro a situação vem tendendo ao pluralismo, ou ao politeísmo, um mundo de muitos deuses em competição” (FEATHERSTONE, 1996).

 “O futuro é indecifrável. Os destinos locais dependem cada vez mais do destino global do planeta. (…) Podemos ver a sua direção, mas não o seu destino, nem a sua sorte – que acarreta a nossa” (MORIN, 2001 p. 241).

Este relato exaustivo sobre os Bilderberg justifica-se tão-somente pela inevitabilidade desta “sua” globalização, mas também por ela inexplicavelmente aparecer perante a Academia como se fosse uma simples e dissonada “teoria da conspiração”.

      Em alguns casos, e neste último isso é óbvio, o nome globalização trás associado a barbárie e muitos milhões de pessoas mortas. Na tentativa globalizadora dos Descobrimentos castelhanos, ainda está por calcular o número exato de vítimas no extermínio dos Incas e Aztecas, por Pizarro e Cortez. A Perestroika e a queda do Muro de Berlim simbolizam o colapso da tentativa globalizadora comunista da ex-União Soviética; os seus maiores símbolos foram Estaline, Lenine, a Revolução Bolchevique e os Gulags. “A religião deveria ser erradicada e as filiações nacionalistas dissolvidas. A intelectualidade nas artes e nas ciências devia ser tratada com dureza até se submeter e, se não o fizesse, deveria ser posta de parte. O objetivo era que o comunismo se tornasse a ideologia geralmente aceite e que a variante estalinista do marxismo-leninismo se instalasse no seu núcleo”. (SERVICE, 2004 p. 308). O Livro Negro do Comunismo denuncia cerca de 60 milhões de vítimas.

E aqui não estão contabilizados as 70 milhões causadas por Mao, na China, com o “Grande Salto Adiante” e a “Revolução Cultural”. Nem as cerca de 11 milhões atribuídas a Chiang Kai-Shek, na Coreia do Norte. Nem a um quarto da população do Cambodja atribuido aos kmeres vermelhos de Pol Pot. As três últimas catástrofes humanitárias consideradas uma evolução tida como natural da “globalização” marxista-leninista.

Hitler também teve a “sua” tentativa globalizadora: a procura da pureza ariana foi a sua referência. A II Guerra Mundial, o Holocausto e a Solução Final personificados em Auschwitz e nos demais campos de concentração de extermínio massivo, que provocaram cerca de 50 milhões de vítimas, foram o resultado. (DELAFORCE, 2007). São muitos milhões de vítimas. Tudo em nome do bem-estar social global. É o totalitarismo que tem resultado destas políticas e não o bem-estar das populações; não o duvidamos, sempre implementadas, com as melhores das intenções.

Mas, “uma sociedade autoritária e sobretudo totalitária não faz mais nada senão oprimir os indivíduos…” (MORIN, 2001 p. 266). Existem outras “globalizações” com resultados aparentes, a curto e médio prazo, não tão funestos para o homem. Como por exemplo, a globalização da cultura, a globalização do comércio e da economia, etc., etc..

Lisboa (Universidade Lusófona), 3 de Maio de 2011

TRABALHO COMPLETO

I – A Modernidade é um projeto da Revolução Industrial  – 

II- O Pós-modernismo é uma nova etapa do Capitalismo 

III – A Idade Moderna chegou ao fim e está aí a Idade Global   

IV – O Clube Bilderberg, um Governo Mundial Único –  VOCÊ ESTÁ AQUI

V – Os Descobrimentos Portugueses foram a primeira Globalização Moderna  –  (a 28/2/2019)

VI – O posicionamento da Cultura na Hipermodernidade  –  (a 10/3/2019)

VII – A Cultura do consumismo na pós-modernidade  –  (a 20/3/2019)

VIII – A passagem da «escrita» para a «imagem» na Pós-modernidade  –  (a 25/3/2019)

IX – A Hipermodernidade, o pós-humano e a chegada do Cyborg   –  (a 30/3/2019)

X- A Modernidade é a industrialização da guerra  –  (a 15/4/2019)

XI -Bibliografia

Hernâni de Lemos Figueiredo
©Hernâni de Lemos Figueiredo (2011)

Programador Cultural

hernani.figueiredo@sapo.pt

965 523 785

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